Augusto Boal

Blog

O encontro realizado em Porto Alegre continua provocando manifestações criativas dos participantes
Queremos publicar hoje este  relatório de Milena Beltrão que nos foi enviado por Silvia Balestreri
Amigos(as),
Segue o relatório de Milena Beltrão, formanda de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que, no evento que fizemos em Porto Alegre, defendeu a importância de que mostrássemos imagens em vídeo de Boal, tendo ficado responsável por uma seleção inicial de imagens na internet. A atividade, programada para o hall do teatro, foi enriquecida pela seleção de vídeos feita por Fabian Boal e levada por Cecilia para a homenagem – em que se destacam entrevistas, cenas do programa que Boal manteve na TV Manchete nos anos 1980 – com teatro invisível na ruas do Rio de Janeiro – e muitas outras preciosidades. O texto de Milena chama a atenção, por se tratar de um “relatório acadêmico” muito inspirado. Com ele, seguimos, nos rastros de Boal, rumo a um 2012 de ação poético-política. Boa leitura!
Silvia Balestreri
Augusto Boal – Imagem Viva
              Relátorio de Tarefas – Milena Mariz Beltrão
                         Teatro de Arena  de Porto Alegre
                              Outubro de 2011
Fiquei responsável no evento pelas imagens em vídeo. A imagem de Boal sempre me impressionou. Defendi a ideia da projeção das imagens. O rosto de Boal tem uma expressão tranqüila, mas o olhar é certeiro, o gesto é entusiasmado. Dá a impressão que está tendo conosco uma conversa íntima, séria, cada palavra que fala é pontuada, não é dita sem profundidade, o verbo em Boal não se joga fora, nem na palavra, nem na ação.
Ao ver as imagens do vídeo projetadas no telão do teatro depois de toda a maquinaria instalada, ou mesmo costurada entre fios, o que se sente é no mínimo a suspensão. As intervenções de Boal causam a sensação de que as coisas precisam parar um pouco, serem repensadas e tomarem uma outra direção.
Vê-se Boal na Índia, caminhando triunfante em direção ao lugar onde deverá falar para uma multidão, ao seu redor percebem-se pessoas emocionadas, aí está, um brasileiro, revestido com a autoridade do orador grego, do épico, aquele que conta a história do seu país aos outros, mas que vai além, porque fala pela condição humana, o que informa, o que inventa, o que dá as diretrizes de como caminhar no mundo, um contador de histórias ou o mais velho da tribo, aquele a quem se deve reportar na hora do aperto.
Seguem-se canções – Meu Caro Amigo, cantada por vários artistas e pessoas comuns -, veem-se nas imagens inúmeras pessoas comuns atingidas pelo trabalho dos atores. Boal se preocupava com elas, atores sociais e artistas de teatro estão todos inseridos num mesmo plano: a rua, o cotidiano. O teatro vai até lá, não precisa se deslocar e pagar ingresso. O teatro vai até os planos inesperados para o olhar do espectador acostumado às novelas, aos filmes. Vai ao shopping, ao restaurante, à loja de roupas.
Num shopping um casal de atores caminha despreocupadamente com a atriz no papel da mulher encoleirada, forma de repressão que ela não vê e que não se vê. A imagem incomoda as pessoas, o debate começa. O olho começa a mudar de foco, sai das sombras da caverna e vai para a luz. Não se sabe exatamente a repecurssão interna da questão nas pessoas, mas o chamado para acordar está lá, é hora de levantar, de agir, de pensar.
Seguem-se depoimentos, dentre eles o de Fernanda Montenegro, elogiosos. Boal não é apenas um homem de teatro, mas é um pensador atuante, pensa e faz, promove, discute. Seu corpo, seu olhar tem vivacidade, ele vive o que pensa, e se estendeu tanto, que se fala no presente de Boal, está vivo, no conjunto da obra e no pensamento.
Numa época em que se promove o pouco esforço, a apropriação de tecnologias, o deslocar-se sem grande sacrifício, o exemplo do pensador dá esperança, porque é um otimista, não deixa que os obstáculos impeçam de agir e sustenta esta postura. Boal me dá a sensação de que não há tempo para lamentar-se, para deprimir-se, para reclamar, mas para agir.
Dentre outros vídeos pesquisados na internet, grupos no mundo inteiro praticam o teatro do oprimido, o teatro imagem, o teatro invisível. Boal é indicado ao prêmio Nobel da Paz, é considerado embaixador do teatro. Cria teatro fórum, candidata-se a vereador. Se não há lugar para o teatro no mundo como deveria ser, Boal quer conquistar esse lugar e o conquista. Cria possibilidades. Poderíamos ter no teatro mais cinco atuadores com a extensão política e artística de Augusto Boal e muita coisa estaria mudada, para melhor.
Nos relatos colhidos do livro Milagre no Brasil por Silvia Balestreri, a saída da prisão e a voz que diz “ – Estou vivo, estou vivo” é a confirmação de vida e de sustentação interna. O horror não foi tão forte, a prisão não foi opressora o suficiente, a tentativa de abafar a voz do pensamento não conseguiu, não venceu, quem vence é a sustentação, a ação, o caminhar, o olhar desperto.

Homenaje a Augusto Boal en Argentina

                                         por Cora Fairstein

El 23 de noviembre de 2011 realizamos el primer Homenaje a Augusto Boal en Argentina, en la ciudad de Buenos  Aires. Lo hicimos en el marco de las XVII Jornadas de Teatro Comparado, en la sede de la Escuela Municipal de Arte Dramático (EMAD).  Fue un evento muy importante para quienes practicamos To en este país, y, por qué no, para quienes nos dedicamos al teatro en general, ya que pudimos conocer no solamente experiencias de Boal en estos pagos, sino que además vimos otras facetas no tan conocidas, relatadas en primera persona por quienes compartieron aquellos días junto a él.  Contamos con la presencia de Mauricio Kartún, quién relató algunos momentos compartidos con Boal que luego se transformaron en una gran  influencia en toda su producción artística. También Ricardo Talento nos compartió su experiencia, y vimos una escena de teatro participativo, inspirado a partir del teatro foro. Por su parte Cecilia Boal hizo una reseña histórica de los años compartidos en Argentina junto a Augusto.

Por otra parte, diferentes investigadores teatrales expusimos  trabajos realizadas tanto sobre Boal como acerca del Teatro del Oprimido en particular. Y compartimos, además, la experiencia actual de varios grupos que desde hace algunos años vienen trabajando en Argentina, Brasil y Uruguay.

Fue una jornada larga y muy productiva, altamente concurrida, con mucha gente dispuesta a escuchar y aprender más y más acerca de Augusto Boal. El broche de oro fue la mesa final a la cual se sumaron, además de las personalidades mencionadas, Laura Yusem, Osvaldo saidon y Carlos Fos.

Para quienes realizamos Teatro del Oprimido en Argentina eventos como este son de suma importancia, ya que muchas veces la falta de acceso al material teórico hace dificultosa la tarea de formarse y conocer, para poder seguir avanzando en esta línea artística y política. Es por eso que celebramos la realización de este homenaje y esperamos que sea la primera de muchas acciones que nos ayuden a nutrir y profundizar nuestras prácticas, generando nuevas preguntas e inquietudes, y acercando la obra de Augusto Boal cada vez a más personas.

Vidas que valem a pena

Quando a Cecília me convidou para escrever este texto, achei que demoraria pelo menos uma semana para organizar as ideias.  O que eu não sabia, contudo, é que o texto já estava todo escrito dentro da minha cabeça, bastando, portanto, um único pedido para que eu o escrevesse de um só golpe.  E se ele já estava escrito, precisando apenas se materializar nesta página é porque, no fundo, eu sentia uma imensa necessidade de colocar em palavras aquilo que venho pensando enquanto faço as minhas leituras cotidianas.  Agradeço, portanto, mais uma vez ao convite da Cecília já que, a partir dele, posso colocar para fora aquilo que vai aqui, debaixo da minha pele.
Quero começar falando de Judith Butler, teórica feminista, que em seu texto “Violência, luto, política”[1], escrito em 2004, nos recorda o velho ensinamento psicanalítico: somos todos(as) desamparados(as), necessitamos do Outro para sobreviver.  O vínculo com o Outro nos constitui ao mesmo tempo em que nos desintegra, por ele somos habitados(as) e despossuídos(as).  Este pensamento trazido por Butler não pode ser compreendido de modo individualizado, cabe ressaltar.  Para ela, cada um de nós se constitui politicamente em virtude da vulnerabilidade social de nossos corpos. Em maior ou menor grau estamos, irremediavelmente, ameaçados(as) pela dor da perda, pelo luto advindo dela, pelas violências e humilhações que podemos vir a sofrer ao longo de nossas vidas. Para além destas considerações iniciais, Butler indaga-se a respeito das vidas que contam como vidas, ou melhor, sobre o que faz com que uma vida “valha a pena”. Algumas vidas são consideradas, pelos discursos oficiais, como sendo dignas de serem vividas em contraposição àquelas que, invisibilizadas por este mesmo discurso, poderiam ser apagadas a qualquer momento e relegadas ao esquecimento. Nós continuaríamos nossas vidas, achando que essa divisão entre aqueles(as) que “valem a pena” e aqueles(as) que não “valem a pena” é algo um tanto natural e fatídico.  Mas Butler nos leva a pensar melhor sobre isso, argumentando que o nosso “eu” está inserido numa comunidade, por ela é afetado, ao mesmo tempo em que atua sobre os outros. Ela insiste em defender a noção de uma vulnerabilidade corporal “comum” a todos(as) nós. Se a partir daí, conseguimos entender a nossa formação como seres humanos, somos levados(as) a refletir sobre o porque de certas vidas serem altamente protegidas ao passo que outras não gozam de nenhum apoio, sendo desprestigiadas e desqualificadas. Entenderíamos que essas escolhas que agem como uma espécie de loteria, premiando alguns(as) e rechaçando outros(as), são um tanto políticas, criadas e mantidas em função de vários interesses sociais, econômicos, religiosos etc.
Feitas essas considerações, quero agora tentar estabelecer um laço com o pensamento e a prática de Augusto Boal.  A meu ver, fica muito claro a sua luta, a partir da criação do Teatro do(a) Oprimido(a), para denunciar a existência destas vidas que, para tantos(as), não “valeriam a pena”.  Além desta demonstração, outro convite feito por Boal, também audacioso, deve ser mencionado aqui.  Não bastaria denunciar o fato de que em nossa sociedade muitas vidas são tratadas como não merecedoras de tratamento humanizado.  Para tanto, ele convida os próprios indivíduos implicados nesse estado de coisas, a narrarem essa experiência de ser tratado como um corpo abjeto (usando expressão de Butler).  Segundo ela, o corpo abjeto diz respeito a todo tipo de corpo cuja vida não é considerada “vida” e cuja materialidade é entendida como “não importante”.  Este exercício de relatar as opressões vividas faz parte das contribuições mais libertadoras do Teatro do(a) Oprimido(a).  Aquele ser, antes tratado como invisível, anônimo, despossuído, um verdadeiro outro, ganha agora o status de sujeito, de protagonista de sua história.  Ele passa a construir uma narrativa que lhe permite dizer como é estar no lugar de quem tem a vida tratada pelos outros (por nosso Estado, nossa sociedade), como uma vida indigna de “valer a pena”.  Boal dá, a um só tempo, um pontapé em posturas estáticas decorrentes das várias expropriações sociais às quais estamos expostos(as) e nos faz dizer: estamos indignados(as) com isso!  O espaço estético, concedido por ele, recria a dimensão humana muitas vezes perdida em nós.  Esta dimensão é inaugurada pela capacidade que temos de rememorar e rearticular nossa história, contando-a para os(as) demais.  Walter Benjamin, dizia: “[…] somos pobres em histórias surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam acompanhados de explicações. Em outras palavras: quase nada do que acontece está a serviço da narrativa, e quase tudo está a serviço da informação” (p. 203).  Boal, ao incitar as pessoas para um verdadeiro trabalho de memória (não vamos varrer nossas mazelas para debaixo do tapete!), inaugura a possibilidade de nos tornarmos grandes narradores(as) de uma história surpreendente; a nossa história!  Ressignificar a dor ou a opressão vividas, projetando-as politicamente, através do compartilhamento com os(as) outros(as), é a sua proposta.  Não apenas ressignificar, mas dividir as opressões, buscando provocar uma indignação, agora coletiva.  Vamos voltar ao pensamento inicial deste texto.   Junto com Bulter (ou melhor, amparada por ela), pergunto-me: e se conseguíssemos, através da compreensão de que somos todos(as) vulneráveis, aprender que nossa responsabilidade sobre a vida humana, em função disso, passa a ser coletiva?  Tendo um insight a respeito desta questão, poderíamos, quem sabe, inaugurar uma agenda cujo tópico principal seria a promoção de uma cultura da paz, através das discussões das violações de tantos direitos humanos que estamos acompanhando atualmente.  À mulher que é espancada, à criança que é maltratada, ao(à) homossexual que é exterminado(a), ao pobre que é totalmente excluído, enfim, a todas as minorias (que recebem esta designação injustamente, melhor seria falarmos, no caso do nosso país, em “maiorias”), juntaríamos nossos esforços, como desejava Boal, para promover um mundo mais justo.  Isso só seria possível, penso eu, quando abandonarmos nossos concepções preconceituosas a respeito daqueles(as) que não somos “nós”, mas que estão diretamente implicados com aquilo que somos ou queremos ser um dia: os(as) outros(as). Termino este texto desejando boas festas a todos(as) e usando as palavras de Judith Butler a respeito de nós, humanos(as):  “Não posso pensar na questão da responsabilidade sozinha, isolada do Outro; se o faço, expulso a mim mesma fora do laço relacional que desde o começo marca o problema da responsabilidade” (p. 74).[2]
[1] O título em espanhol é “Violencia, duelo, política”.
[2] Conforme o texto original: “No puedo pensar la cuestión de la responsabilidad solo, aislado do Outro; si lo hago, me expulso a mí mismo fuera del lazo relacional que desde el comienzo enmarca el problema de la responsabilidad”
BENJAMIN, W. (1985).  O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov (pp. 197-221). In: ______.  Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.  São Paulo: Brasiliense.
BUTLER, J. (2000). Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”.  In LOURO, G. L. (Org.), O corpo educado: pedagogias da sexualidade (2ª ed.). (pp. 153-172). Belo Horizonte: Autêntica.
BUTLER, J.  (2004[2006]).  Violencia, duelo, política.  In: ______.  Vida precaria: el poder del duelo y violencia (pp. 45-77).  Buenos Aires: Paidós.

Lives that are worth

When Cecília invited me to write this text I thought I would take at least a week to organize the ideas. However, what I did not know was that the whole text was written inside my head, and a single request was enough for me to write at one stroke. And if it was already written, needing only to materialize in this page, it is because basically I felt an immense need of putting into words what I have been thinking of while I make my quotidian readings. So once again I thank Cecília for her invitation since because of it I can put outside something that goes here, under my skin.

I want to start by talking about Judith Butler, a feminist theorist who in her text “Violence, mourning, politics”[1], written in 2004, reminds us of the old psychoanalytical teaching: we are all helpless; we all need the Other to survive. The link with the Other constitutes us at the same time it disintegrates us; by him/her we are inhabited and unpossessed. We must emphasize that this thinking brought out by Butler cannot be comprehended in an individualized way. For her, each one of us is politically constituted as a result of the social vulnerability of our bodies. To a higher or lower extent we are irremediably threatened with the pain of loss, with the mourning which proceeds from it, with the violences and humiliations we may suffer along our lives. Going beyond these initial considerations, Butler asks herself about lives which are counted as lives, or rather, about what makes a life to be worth. Some lives are considered by the official discourses as worthy of being lived in contraposition to those lives which, made invisible by this same discourse, could be obscured at any time and relegated to forgetting. We would carry our lives on thinking that this division between those who “are worth” and those who “are not” is somewhat natural and fateful. But Butler leads us to think better about that, arguing that our “I” is inserted in a community and is affected by it, at the same time that this “I” acts on the other people. She insists on defending the notion of a bodily vulnerability which is “common” to all of us. If from this point we manage to understand our formation as human beings, we will be lead to reflect about why some lives are highly protected whereas other ones are not supported at all, being discredited and disqualified. We would understand that those choices which act as a kind of lottery, rewarding some people and repelling other ones, are somewhat political, created and maintained in terms of several social, economic, religious interests and so on.
After these considerations, now I will try to establish a link with Augusto Boal’s thought and practice. In my view, from the creation of the Theatre of the Oppressed (Teatro do Oprimido) his struggle to denounce the existence of these lives which, for many people, “would not be worth the while”, becomes clear. In addition to this demonstration, another audacious Boal’s invite must be mentioned here. It would not be enough to denounce the fact that in our society many lives are treated as worthy of a humanized treatment. For that he invites the individuals implicated themselves in this situation to narrate this experience of being treated like an abject body (as in Butler’s expression). According to her the abject body concerns every kind of body whose life is not considered as “life” and whose materiality is perceived as “not important”. This exercise of relating the oppressions lived is part of the most liberating contributions of the Theatre of the Oppressed. That being who was treated as anonymous, unpossessed, a real “other” now gets the status of subject, of protagonist in his/her own history. He/she begins to construct a narrative which allows him/her to tell how it is to be in the place of someone whose life is handled by other ones (like our State, our society) as an “unworthy” life. At the same time Boal kicks motionless postures resulting from several social expropriations to which we are exposed and makes us say: We are indignant with this! The esthetic space given by him recreates the human dimension which many times is lost in ourselves. This dimension is inaugurated by the capacity we have of recalling and rearticulating our history by telling it to the other people.  Walter Benjamin used to say: “[…] we are poor in surprisingly stories. The reason is that the facts already come to us accompanied by explanations. In other words: almost nothing of what is happening is at service of narrative, and almost everything is at service of information” (p. 203). By inciting people to a real work of memory (Let’s not sweep our blemishes under the rug!) Boal inaugurates the possibility for us to become great narrators of a surprisingly story; our history!
His proposal is to ressignify the lived pain or oppression by projecting them politically through sharing with other ones. Not only to ressignify but to share oppressions, trying to provoke a now collective indignation. Let’s go back to the initial thought of this text. Together with Butler (or rather, supported by her) I ask myself: what about if, by means of comprehending that we are all vulnerable, we managed to learn that, because of it, our responsibility for human life turns to be collective? With an insight about this question who knows we could inaugurate an agenda the main topic of which would be the promotion of a culture of peace, through discussions about the violation of so many human rights that we see nowadays. To the woman who is hit, to the child who I mistreated, to the homosexual who is exterminated, to the poor who is totally excluded, in short, to all the minorities (which receive this designation wrongly; in the case of our country, we should talk about “majorities”) we would join our efforts, as Boal wished, to promote a fairer world. I think this could only be possible when abandon our preconceived conceptions about those people who are not “we”, but who are directly involved in what we are or in what we want to be someday: the other ones. I finish this text wishing everybody nice holidays and making use of Judith Butler’s words about us, humans: “I cannot think about the question of responsibility alone, isolated from the Other; if I do it I expel myself from the relational link which from the beginning marks the problem of responsibility” (p. 74).
[1] The title in Spanish is “violencia, duelo, politica”.
BENJAMIN, W. (1985).  O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov (pp. 197-221). In: ______.  Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.  São Paulo: Brasiliense.
BUTLER, J. (2000). Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”.  In LOURO, G. L. (Org.), O corpo educado: pedagogias da sexualidade (2ª ed.). (pp. 153-172). Belo Horizonte: Autêntica.
BUTLER, J.  (2004[2006]).  Violencia, duelo, política.  In: ______.  Vida precaria: el poder del duelo y violencia (pp. 45-77).  Buenos Aires: Paidós.

2011/2012

Um ano se termina e as coisas estão andando no Instituto Augusto Boal
Foi um ano de muitas realizações , de muitos encontros , de velhos amigos e novas parcerias
E esse importante passo que foi a assinatura do termo de comodato com a Ufrj  que passa a assegurar a preservação do acervo
Não queremos deixar este ano se terminar sem agradecer a todos e todas que nos acompanharam de forma tão afetiva e solidária
Foram tantos os companheiros, tão eficientes as parcerias que é uma tarefa difícil e a lista seria tão longa que arriscamos entediar a quem se arrisque a nos ler
Mas vamos  assim mesmo arriscar :
Obrigada Sérgio e Lauro, obrigada Walter e Fernanda, obrigada Rita
Obrigada Sílvia , Érika, e Cora !!
Obrigada Fabian , Luiz e a maravilhosa Constança, obrigada equipe da Oi Futuro e a Teresa que me colocou na pista
Obrigada Jayme, Clara e Ana
Obrigada Géo , Helen e toda a equipe do Cto Rio
Obrigada Eleonora super Ziller, obrigada Eduardo e Priscila, e Dani e André e Pedro  e Bel
Obrigada também para os Magníficos,  e para o também magnífico Fernando Haddad
Obrigada meninas super poderosas  ( e charmosas ) , Eva e Adriana !!
E obrigada Célia que nos deu régua e compasso , risadas e carinho
Nada teria sido feito sem vocês
Muitos , muitos mais nos ajudaram
Noni que carregou caixas e organizou livros
Sónia que corrigiu textos
E Julian , de longe, com seus comentários sempre pertinentes , que felizmente agora serão mais frequentes porque ele já está bem perto
Rosa Luísa e Rafael  e as suas inestimáveis colaborações
E paro por aqui  porque está ficando muito chato
Mas o Instituto não para, muito antes pelo contrário, apenas se inicia , está na área e o jogo está apenas começando!!
Obrigada Fabian e Luiz pela paciência!!!
Um Feliz Ano para todos!!!
Cecilia

El pasado 23 de noviembre participamos del Homenaje a Boal en la Escuela de Arte Dramático.
Esta experiencia renovó las energias para seguir trabajando.

Mauricio Kartun durante las Jornadas de Buenos Aires

Articulo escrito para la revista “Abasto” por el grupo Casonero de Teatro del Oprimido

Al alma hay que darle de comer, o “Gracias por animarse a venir”.

Dicen los que saben que en materia de libertad, hay 3 clases de hombres y mujeres: están los que son libres, los que creen que son libres, y los que no saben lo libres que son. Estos últimos, dicen, le pasan el trapo a los anteriores, y aunque escapan a cualquier clasificación, se los puede encontrar en los más diversos lugares.

Nosotros, que pertenecemos a alguna de las dos categorías anteriores, no lo sabemos con certeza, nos topamos con un grupo de la tercera el viernes 28 de octubre del corriente, en la cárcel de Devoto.

Un mes antes, recibimos la invitación para llevar nuestra obra de Teatro Foro a Devoto, a partir de un taller de Teatro del Oprimido que funciona en la unidad, como parte del proyecto “TrafO” (Teatro para la Transformación Social).

TrafO[1] lleva adelante la tarea de facilitar talleres de Teatro del Oprimido, una técnica teatral latinoamericana creada por Augusto Boal[2], desde el año 2007 en diversos contextos, entre ellos, las cárceles, como Ezeiza y Devoto.

Nosotros, el Grupo Casonero de Teatro del Oprimido, hace poco más de un año nacimos en el lugar al que hacemos honor con el nombre, la Casona de Humahuaca, donde comenzamos nuestro tránsito por la técnica y seguimos trabajando actualmente.

Nuestra obra “La Vecinita”, de creación colectiva según la técnica, ha visitado diversos espacios culturales, y en virtud de nuestra prestancia, nos llegó esta oportunidad. Dijimos que sí, sin pensarlo, y cuando lo hicimos, caímos en la cuenta de que deberíamos vencer algunos prejuicios y hacer las modificaciones pertinentes a la obra, en respeto por los compañeros privados de la libertad, o de una parte de ella, como después comprobamos.

Transitando nuestras contradicciones humanas, llegamos la mañana del 28 de octubre, tempranito, a la puerta de ese monstruo blanco que nos esperaba con sus puertas bien cerradas, múltiples candados y revisaciones, permisos, planillas y más revisaciones, como sombras de esas pesadillas del pasado que persisten en nuestra memoria. Nosotros, que no le tenemos miedo a nada, nos sacamos unas fotos ilustrativas, golpeamos el portón y entramos nomás, temblando.

Acompañados por dos maestros de la escuela que funciona en el módulo 2 de educación del Penal, llegamos al espacio pensado para la función, y armamos nuestra escenografía, con los inconvenientes técnicos que acompañan a toda compañía teatral sin producción. Hicimos nuestros juegos habituales para entrar en clima, calentar cuerpo, voz y sentimientos, mientras veíamos pasar a algunos grupos de internos que salían a los patios (luego supimos que de salir al patio una sola vez por semana, este ultimo mes lograron que los dejen salir 3 veces, para tomar aire, jugar al futbol y todas las cosas que a uno le gusta hacer cuando esta en un espacio al aire libre).

Se hizo la hora y no venía nadie. Surgieron entonces las apuestas acerca de cuántos nos iban a venir a ver. Al momento, ganaba el que dijo “cero”.

Tras arduas tareas por parte de uno de los maestros, se logró que bajaran 4 internos, y pasó a ganar el que apostó por dicha cifra. Mientras esperábamos al resto del auditorio, nos pusimos a charlar y conocernos. Uno, el “chaqueño”, simpático y hablador, nos interiorizó sobre la suerte en Ezeiza y en Devoto, la convivencia en el pabellón, la lucha ganada de las salidas al patio, entre bromas y mates.

Pasadas las 11.15, nos informaron que iban a obligar a los que estaban en el patio a asistir a la función, por lo que, cuando terminaron de jugar al fútbol, los hicieron ponerse la remera, agarrar una silla y bajar.

A eso de las 11.40, con un amable publico de unas 15 personas, arrancamos (y todos perdieron la apuesta). Con las colas al borde de la silla, como queriendo hablarnos al oído, nuestros Espect- actores abrieron grandes sus entusiasmados y pícaros ojos.

Hicimos unos juegos para entrar en confianza, les explicamos la técnica[3], sobre todo el detalle de que, una vez terminada la escena, venía el foro en el que las propuestas no había que decirlas, había que actuarlas. Aquí sobrevino el primer indicio de que nos encontrábamos ante un grupo de la tercera categoría: “¿Hay que actuar?” preguntó uno, “Buenísimo, yo soy re buen actor”. Más tarde, este compañero nos confesó que “de chico era tartamudo… me hubiese gustado hacer teatro…. Pero tenía timidez”. Cabe aclarar que fue el primero en pasar, luego.

Dimos comienzo a la obra. Junto con los actores, actrices y el técnico, impecables en su trabajo, comenzamos lentamente el proceso de transformación que luego comprenderán.

Los muchachos, deseosos de que todo termine pronto para poder pasar ellos a actuar, rápidamente se conectaron con la obra; el “Chaqueño” se agarraba la cabeza, y las expresiones de “No lo puedo creer, yo esto lo viví”, saltaban de cara en cara. Algunos se reían y nos miraban a los que no actuábamos en ese momento, cómplices, y sucedió lo que Artaud y Brecht soñaron, pero sólo Boal consiguió: la comunión entre actores y espectadores, la disolución de elitistas barreras que separan a los productores de los consumidores, la escena de las butacas, y fue un encuentro de participación plena. No había ficción y realidad, todos estábamos inmersos en una historia, identificados con personajes y situaciones, comentando, aconsejando, aplaudiendo, riéndonos, poniendo y sacando la cuarta pared como se nos antojara. Entonces nos dimos cuenta de ante quiénes estábamos, por hacernos sentir tan cómodos, por creer que nos tocaba a nosotros mostrar lo que es el Teatro del Oprimido, cuando los que nos dieron una clase magistral fueron ellos. Porque, sin anestesia, esta gente nos pasó el trapo.

La obra llegó a su final, y entre risas y aplausos, comenzó el foro. Tuvimos tres intervenciones, en las cuales dos espect- actores reemplazaron al personaje de la oprimida, Cayetana, con sobresaliente actuación, y uno a Leo, personaje aliado de la oprimida (que le hubiera gustado terminar la escena con un beso apasionado). Las reflexiones fueron profundas y sentidas, “Fa, por un momento me fui, eh”, compartió uno de los espect- actores; se habló de la importancia de estudiar, de construir un futuro, de darle un momento a cada cosa y saber esperar ciertos deseos según su grado de importancia; se habló sobre las formas de ser, los amigos, la joda, los jueguitos electrónicos, la juventud, los hijos, las personalidades, la importancia de respetar las diferencias…

Tuvimos la oportunidad de sumarlos al taller de T O que funciona en el penal, porque, lo más sorprendente, de los presentes sólo uno participaba. Nos despedimos con besos, bendiciones, la promesa de volver con nueva escena, y un “Gracias por animarse a venir”, que nos llenó el alma.

Ellos se quedaron, y nosotros, los que habíamos entrado, también, y salimos otros, transformados. Por la experiencia, el intercambio y la grandeza de quienes nos demostraron ser libres a pesar del encierro. Por haber vencido nuestros prejuicios y habernos enseñado todo esto que ahora compartimos con ustedes. Por la humildad de no saber lo libres que son, por nuestra deuda con ellos por poder salir y el deseo de que pronto estén todos en la calle…

Experiencia facilitada por:

Grupo Casonero de Teatro del Oprimido, con la colaboración de Guillermo Castañeda

tocasoneros@gmail.comhttps://www.facebook.com/grupo Casonero de TO

TrafO, Teatro para la Transformación Social

eltrafo@gmail.com

trafo-trafo.blogspot.com

Equipo docente del módulo 2 de educación del Complejo Penitenciario Federal, C.A.B.A.

 * O texto que publicamos hoje nos foi enviado por Paula Cohen integrante do grupo Trafo que participou conosco das Jornadas de Buenos Aires

Conceição Senna, membro do conselho consultivo do Instituto Boal, está dirigindo um novo documentário. O título é “Anjos de Ipanema” e o tema é o movimento hippie no Brasil, com foco no píer de Ipanema no verão mágico de 1971/72.

Ainda no começo, a diretora está entrevistando os hippies do píer com quem conviveu e também seus filhos,  adotando o mesmo ritmo de produção usado em “Brilhante”, ou seja, ir gravando aos poucos para construir lentamente o filme.  A idéia é resgatar o ponto de vista e os sentimentos dos que viveram a aventura do desbunde, o que significou em suas vidas e o que ainda significa.

Como em “Brilhante” e também em seu primeiro documentário, “Memória do Sangue”(1988), tem a ver com a memória, com acontecimentos que viveu pessoalmente


*Conceição Senna é diretora, atriz e membro do conselho consultivo do Instituto Boal.

Car@s amig@s,
Depois de muitos anos esperamos por este momento: homenagear companheiros, desaparecidos durante a ditadura, cujos restos mortais foram localizados no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na periferia do Rio. Com apoio do vice prefeito Muniz, a construção de um memorial se fez possível, e no domingo estaremos lá para homenagear aqueles 14 militantes que deram suas vidas acreditando num mundo melhor.
Abraços
Vera

para quem não conseguiu ler
artigo Globo, Ufrj 2 de Dez 2011


Para ver o resto da homenagem clique aqui
 

Aqui estão algumas fotos da assinatura do termo de cessão em comodato do acervo Augusto BOAL.
Boal na UFRJ

Boal na UFRJ

Debate com Cecilia Boal, André Bueno, Danielle Corpas e Julian Boal