Teatro declara guerra à Censura
25.01.2018
Matéria de Jornal A Gazeta do 12 de junho de 1968 sobre articulação do Arena contra censura e repressão política na montagem da Feira Paulista de Opinião. A reportagem também relata a prisão de um estudante no teatro Galpão.
“MOVIMENTAÇÃO
Os artistas e diretores reuniram-se, então, no “plenarinho” da Assembleia Legislativa, com os deputados que apoiam o seu movimento, decidindo, a partir daí, evoluir para uma posição de briga, pois, segundo Augusto Boal, responsável pela encenação, os artistas brasileiros “estão deixando de ser os bobos da corte e não aceitarão mais a interferência da Censura, quase sempre descabida e sem nexo”. (…)
PRISÃO DE ESTUDANTE
Por volta de 19 horas, pouco antes de se iniciar a noitada de “Roda Viva”, no Galpão, contíguo ao Teatro Ruth Escobar, agentes da polícia federal detiveram, sem maiores explicações, o estudante Eduardo Abrão Novais, conduzindo-o, incomunicável, dentro de uma viatura. Alguns policiais, aos gritos de “ele porta uma bomba”, tentaram afastar os curiosos e impedir a aproximação de repórteres.
TÁTICAS DE LUTA
Pela madrugada adentro, Plínio Marcos, Augusto Boal, Cacilda Becker e Ruth Escobar estiveram reunidos para adotar as táticas a serem empregadas na luta contra a Censura. Ao mesmo tempo, parlamentares e intelectuais tentavam obter a liberação do estudante detido. Ao movimento já aderiram artistas plásticos, como Mario Gruber e Nelson Leirner, compositores de música popular como Gilberto Gil e Geraldo Vandré, autores como Gianfrancesco Guarniere e Lauro Cesar Muniz e o juiz Tinoco Barreto. Todos são unanimes em afirmar que a principal responsável pela crise é a Censura, que levou 50 dias para dar um atestado de “boa qualidade”quando o prazo legal é de 5 dias, além de efetuar cortes descabidos, que prejudicam a compreensão da obra.”
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