Mutirão em Novo Sol
14.01.2012
Rafael Litvin Vilas Bôas, da Comissão de Cultura do MST, nos enviou também esta peça de teatro escrita em 1962 por um grupo de autores ligados aos Centros Populares de Cultura, entre os quais , Augusto Boal
Publicamos hoje aqui apenas a letra de algumas canções
O texto integral da peça poderá ser consultado em breve nos arquivos da UFRJ
Agradecemos a Rafael este envio
DIVISÃO DE TEATRO DO MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR
“MUTIRÃO EM NOVO SOL
De:
Nelson Xavier
Augusto Boal
Hamilton Trevisan
Modesto Carone
Benedito M . Araújo
Personagens:
Representante do Governo
Juiz
Porfírio
Roque
Baiano
Lavradores
Liodoro
Honório
Anjo
Aurora
Policiais
Contador
Cantador
Mulher
Cruz
Vigia
Candidato
Padre
Jagunço
Delegado
Dito Maria
Figurantes
Cenários:
Tribunal
Armazém
Campo
Etc.
RECIFE – 1962
Direção: Nelson Xavier
CANÇÃO DA SEMEADURA
A terra é mais velha que o homem
Por isso é mais sábia também
A terra dá vida pro homem
E guarda seu corpo de além
A terra é mulher de ninguém
Que é de todos boa terra
Que é virgem de matas
E o homem derruba
Que aceita a semente
Espera umidade
Põe seiva no grão
Rebenta no chão
Cumprindo sua maternidade
Deixamos a terra bem limpa
A espera do grão que já vem
Tristeza virou esperança
No futuro bom que vem
CANÇÃO DA JUSTIÇA QUE TARDA MAS NÃO VEM
A justiça tarda, tarda mas não falha
Mas, se a fome espera, espera nunca falha
A justiça tarda, tarda porque é cega
Anda devagar, senão escorrega
Quem precisar justiça
Tem muito que se aprumar
Tem que ser rico, ser dono
E ter tempo pra esbanjar
Quem precisar justiça
Não pode nem trabalhar
Não pode ficar doente
Ter filhos pra alimentar
A justiça tarda porque não tem pressa
Mas quem tiver pressa é quem se atrapalha
A justiça tarda para o João Ninguém
Se a lei é safada, tarda mas não vem
CANÇÃO DO ARRANCA CAPIM COLONIÃO
Arranca, arranca, arranca…
Arranca o capim
Arranca o capim
Arranca o capim
Colonião
Basta de sim
Chegou enfim
A hora do não
Chegou a hora
De gente ser gente
Da fome acabar
Que a terra não mente
Responde à semente
Se a gente plantar
Tornando bem forte a união
Chegou a hora
Da casa do pobre
Ser pouca mas pobre
De ter a palavra
O homem que lavra
Do amor sendo nosso
Ser nossa também a canção
Chegou a hora
Da gente ser livre
Sou eu quem labuto
É meu o produto
Sou eu quem opino
É meu o destino
É nosso bem nosso esse chão
Arranca o capim
Arranca o capim…..
Ave Maria
brandosa e bela
cofrim de graça
divina estrela
Diz um A ave Maria
diz um B brandosa e bela
diz um C cofrim de graça
diz um D divina estrela
esperança nossa
fonte de amor
gênio do bem
honesta flor
incenso d´alma
jóia mimosa
coro de anjos
e luz formosa
mãe dos mortais
nuvem do brio
orai por nós
por nossos fios
querida das vrige
remédio d´alma
socorrei sempre
todas as almas
São Longuinho era judeu
O peito de Deus furou
O sangue bateu foi no rosto
Que a vista aclareou
Lá no pé da cruz pesada
Maria o manto deixou
Que vos pediu foi, oh Santana
Pra cobrir Nosso Senhor.