Sociedade Brasileira de Autores volta a representar obras de Augusto Boal
20.08.2013
Artigo da Folha de São Paulo, 14/08/2013
GUSTAVO FIORATTI
DE SÃO PAULO
A Sociedade Brasileira de Autores (Sbat) voltou a representar o dramaturgo Augusto Boal, fato notável na história de uma instituição que, nas últimas duas décadas, perdeu prestígio, assistiu a uma evasão de nomes e acumulou uma dívida milionária.
Só em impostos para a Federação, estima-se que a Sbat deva mais de R$ 8 milhões. Os encargos trabalhistas somam outro estimado R$ 1,5 milhão.
O retorno de Boal à Sbat foi anunciado no início da semana, em reunião convocada pelo diretor Aderbal Freire-Filho, membro do conselho da sociedade e líder de um movimento que quer promover o resgate da instituição.
No Theatro Municipal de São Paulo, estavam presentes o ator Celso Frateschi, o diretor Hugo Possolo, a dramaturga Marici Salomão, representantes da SP Escola de Teatro e vários outros profissionais da classe teatral paulista.
Durante a reunião, Aderbal deu voz à viúva de Boal, Cecília Boal, e ela confirmou que os direitos pela obra do dramaturgo, conhecido internacionalmente por ter criado o Teatro do Oprimido, passam agora a ser negociados pela Sbat. “Eu vejo nessa tentativa do Aderbal algo quixotesco, assim como era quixotesca a luta de Boal”, disse Cecília.
Na reunião, Aderbal explicou como a sociedade perdeu prestígio perante artistas e como sua dívida chegou a tal patamar. Segundo ele, houve uma sucessão de más gestões e, com menos efeito, casos de desvios de pagamentos, entre outros problemas.
O caminho mais fácil para resolver esse entrave, prossegue, seria fechar a Sbat e abrir uma outra entidade. Mas ele lembra que a sociedade foi fundada em 1917 por Chiquinha Gonzaga e preza por seu valor histórico.
Para Aderbal, o salvamento da Sbat depende hoje da participação da classe artística, não apenas com as frequentes doações que têm sido feitas nessa tentativa de resgate. “É preciso que os autores que saíram da Sbat agora voltem para ela”, insiste o diretor.