Arte e Revolução
11.01.2014
Ditadura Militar e Democracia no Brasil: História, Imagem e Testemunho
A História da ditadura militar brasileira se tornou, nos últimos anos, uma área forte da pesquisa historiográfica nas universidades, mas ainda não se constituiu como ponto importante do currículo do ensino fundamental e médio. O livro Ditadura Militar e Democracia no Brasil (Rio de Janeiro: Ed. Ponteio, 2013) pretende ser uma contribuição para os professores trabalharem esse “tema sensível” com seus alunos nas escolas. Esse é um dos trabalhos da equipe do Projeto “Marcas da Memória: História, Imagem e Testemunho da Anistia no Brasil”, realizado pela UFRJ em parceria com a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
O livro foi distribuído gratuitamente no seminário e oficina “Ensino de Ditadura nas Escolas”, voltado principalmente para professores de ensino fundamental e médio. Essa publicação traz alguns eixos de análise sobre o período da ditadura e redemocratização no país como a luta dos familiares de desaparecidos políticos, a prisão, o exílio, a clandestinidade, a campanha pela anistia nos anos 1970, movimentos de resistência através das artes, direito à memória, à verdade e a justiça, entre outros. Conta, ainda, com textos do presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, e da museóloga Aline Maller. No capítulo sobre as artes, buscou-se um breve panorama de algumas formas de luta contra a ditadura por meio de manifestações artísticas.
Como se sabe, Boal foi um dos grandes articuladores e fomentadores da resistência ao governo militar. Em 1968, no programa da 1ª Feira Paulista de Opinião, Boal afirmava:
Maniqueísta foi a ditadura. Contra ela e contra seus métodos deve maniqueísticamente levantar-se a arte de esquerda no Brasil. É preciso mostrar a necessidade de transformar a atual sociedade; é necessário mostrar a possibilidade dessa mudança e os meios de mudá-la.
Contamos, nesse projeto, com a participação e colaboração de Cecilia Boal, que além de nos conceder uma entrevista falando de sua própria trajetória e a de Boal, colocou à nossa disposição parte do seu acervo pessoal, possibilitando, sobretudo, levarmos a importância da atuação de Augusto Boal nas artes, na política e na sociedade para as discussões em sala de aula.
A presente pesquisa teve coordenação geral da professora Dra. Maria Paula Araujo (Instituto de História/UFRJ) e contou com pesquisadores de pós-graduação e graduandos da área de História. Além do livro, o projeto teve por objetivo a construção de um acervo de história oral com depoimentos (transcritos, em fontes audiovisuais e orais) de pessoas cujas histórias de vida estão atreladas à perseguição política durante os anos de ditadura militar. Segundo Paulo Abrão, o “Marcas da Memória” visa permitir à sociedade o acesso a uma pluralidade de narrativas de um passado comum. Em nossa pesquisa, foram realizadas 60 entrevistas, que podem ser consultadas no acervo de história oral da UFRJ.
Desirree dos Reis Santos
Pesquisadora-coordenadora do Projeto Marcas da Memória: História, Imagem e
Testemunho da Anistia no Brasila
Confira aqui o capítulo “Arte e Revolução”.
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Acervo | censura | ditadura | Golpe militar