Arena conta Tiradentes
23.04.2019
Em abril de 1967 o Teatro de Arena estreava a peça “Arena conta Tiradentes”, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarniere, dirigida por Boal.
“O tema era resistência à ditadura. Liberdade cidadã e estética. Escolhemos a Inconfidência Mineira” (Conta Boal em sua autobiografia)
A peça que fala sobre heroismo critica a mistificação da figura de Tiradentes criada pela burguesia, do Tiradentes como herói porque foi mártir. Boal retoma o heroismo de Tiradentes no seu caráter revolucionário, como aquele que lutou para transformar a realidade de seu país. Fala sobre a liberdade cidadã.
Mas para além da critica a mistificação do herói, este espetáculo inaugura também uma nova forma de interpretação proposta por Boal: o sistema coringa. Fala sobre a liberdade estética que o sistema coringa proporciona.
Na sistematização do sistema coringa, Boal explica:
“O sistema coringa busca unir também os princípios da concentração e da abstração. Em “Arena conta Tiradentes” o personagem de Tiradentes era identificada a um só ator, que se movia em atmosfera naturalista. No extremo oposto, Guarniere desempenhava a função coringa: a extrema abstração, o narrador, mestre de cerimônias, contra regra, explicador, conferencista, etc. Entre estas duas funções extremas cabem todos os estilos”.