Augusto Boal

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Abertura da exposição "Augusto Boal" na Biblioteca Parque Estadual – Presidente Vargas

10.10.2016

Exposição Augusto Boal, panorama sobre vida e obra do autor, diretor, dramaturgo e escritor Augusto Boal (1931-2009). Primeira mostra multimídia a perfilar a trajetória deste carioca da Penha que revolucionou, dentro e fora do Brasil, o teatro no século XX. Momentos históricos como o grupo Teatro de Arena, o musical Opinião, dezenas de encenações, livros e a fundação do Teatro do Oprimido serão apresentados numa síntese da impressionante produção de Boal a partir de 1956.
O panorama, que transita por 60 anos de atividades de Boal, a Exposição Augusto Boal, sob curadoria do cenógrafo Helio Eichbauer, exibe em painéis a linha da vida e obra do artista. Uma edição de vídeos e filmes, organizada pelos filhos de Boal, Fabian e Julian, complementa a mostra.
Após ser apresentada na íntegra no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, sua forma itinerante foi exibida no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Centro de Artes da Maré – Ponto de Cultura, e agora chega à Biblioteca Parque Estadual.
No dia 12 de novembro a mostra contará com apresentação do espetáculo Sueño Americano da companhia chilena Corredor Latinoamericano de Teatro. Sueño Americano é uma versão livre de ‘A Vida é sonho’ do dramaturgo e poeta espanhol Pedro Calderón de la Barca, onde vemos um Segismundo não na torre de marfim, mas preso em uma torre de concreto, em um quarto de apartamento, como milhares de apartamentos na capital.
 
De 11 de outubo a 12 de novembro de 2016 – Entrada franca
Exposição, com curadoria e cenografia de Helio Eichbauer, sobre o dramaturgo, ensaísta, professor e diretor de teatro Augusto Boal (1931-2009),
envolvendo seis décadas de história, política e artes cênicas, da ditadura ao processo de redemocratização do país.
SERVIÇO:
Exposição Augusto Boal
Data: 11/10 a 12/11
Local: Biblioteca Parque Estadual
Av. Presidente Vargas, 1261 – Centro, Rio de Janeiro
Informações: faleconosco.bpe@bibliotecasparque.rj.gov.br
Agendamento de visitas de grupos:
agendamento.bpe@bibliotecasparque.rj.gov.br
Horários: de terça a sábado, das 11h às 19h
Evento: Obra de teatro “Sueño Americano”
Descritivo: Sueño Americano é uma versão livre de ‘A Vida é sonho’ do dramaturgo e poeta espanhol Pedro Calderón de la Barca, onde vemos um Segismundo não na torre de marfim, mas preso em uma torre de concreto, em um quarto de apartamento, como milhares de apartamentos na capital.
Data: 12 de novembro
Horário da atividade: 15h – 16h
Local na BPE: Auditório Darcy Ribeiro

Vida e obra de Augusto Boal – Augusto Pinto Boal nasceu em 16 de março de 1931, no bairro carioca da Penha. Formou-se em engenharia química em 1952 e, em 1953, seguiu para Nova York, para fazer o doutorado na Columbia University. Nos Estados Unidos, ingressou na Escola de Dramaturgia da mesma Universidade, realizando estudos com John Gassner. Ao mesmo tempo, assistiu as encenações do Actors Studio de Lee Strasberg. A partir daí a dramaturgia tomou conta de sua vida. Em 1956, quando retornou ao Brasil, Boal foi convidado por José Renato e Sábato Magaldi para integrar a direção do Teatro de Arena de São Paulo, companhia teatral de grande sucesso nas décadas de 1950 e 1960. Interessado na transformação social tendo o teatro como instrumento, Boal criou um Seminário de dramaturgia que funcionava como espaço experimental para discussão de textos que seriam encenados pelo Arena. O primeiro grande sucesso desse período foi Eles não usam Black- Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por José Renato, seguido de Chapetuba Futebol Clube, texto de Oduvaldo Viana Filho, dirigido por Boal. Encenaram ainda Gente como a gente, de Roberto Freire, e Fogo frio, de Benedito Ruy Barbosa, ambos dirigidos por Boal, e finalmente, Revolução na América do Sul, texto de sua autoria, dirigido por José Renato.
No inicio da década de 1960, o grupo se debruçou sobre os clássicos tentando imprimir aos textos uma interpretação mais participativa e popular. Datam desse período, sob a direção de Augusto Boal, as montagens de: Mandrágora (1962), texto de Nicolau Maquiavel; O Noviço (1963), de Martins Penna, Um bonde chamado desejo (1963), de Tenesse Williams, O melhor juiz, o rei, de Lopes de Vega; e Tartufo, de Molière, com tradução de Guilherme de Figueiredo, entre outros. Essa fase, conhecida como de nacionalização dos clássicos, contou com a frequente colaboração de Flávio Império, cenógrafo e figurinista de grande competência.
Com a saída de José Renato, em 1962, e o golpe militar de 1964, Boal e Guarnieri, resolvem repensar a atuação da Companhia, de forma a enfrentar a nova realidade política do país. A experiência de Boal na direção do show Opinião, em 1965, no Rio de Janeiro, também forneceu elementos para traçarem novos caminhos para o Arena. Iniciou-se, nesse momento, a fase dos musicais, conhecida também como fase dos heróis nacionais, que se caracterizou pela introdução de músicas de importantes compositores brasileiros, criadas para o espetáculo, e pela utilização do “sistema Coringa”, método brechtiano que consistia no revezamento dos atores no desempenho de diversos papéis, dispensando um aprofundamento psicológico dos personagens. São desse período as encenações de autoria de Boal e Guarnieri Arena Conta Zumbi (1965); Arena Canta Bahia (1965); e Arena conta Tiradentes (1967); todos com direção de Augusto Boal.
Em 1968, acontece a Primeira Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar, organizada por Augusto Boal, a feira foi, sobretudo, uma ato de protesto contra a censura realizada pelo governo militar. Reuniu textos de seis autores: O Líder, de Lauro César Muniz; O Sr. Doutor, de Bráulio Pedroso; Animália, de Gianfrancesco Guarnieri; A receita, de Jorge Andrade; Verde que te quero verde, de Plinio Marcos; e A Lua muito pequena e A caminhada perigosa, de Augusto Boal.
Entre 1969 e 1970, após a assinatura do Ato Institucional nº 5, e com aumento da repressão politica, o Arena decidiu excursionar pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina, reapresentando Arena Zumbi Conta. A Companhia encenou também Arena conta Bolívar, texto e direção de Augusto Boal, cuja exibição havia sido proibida pela censura no Brasil.
De volta ao Brasil, Boal montou, em setembro de 1970, o Teatro Jornal- 1ª edição, que se caracterizava pela improvisação das notícias, pelo elenco, a partir da leitura da imprensa cotidiana da época. Nesse mesmo período, Boal dirigiu A Resistível Ascensão de Arturo Ui, texto de Berthold Brecht, traduzido por Luiz de Lima e Hélio Bloch.
Em fevereiro de 1971, Boal foi preso, torturado e, em seguida, exilou-se em Buenos Aires, onde residiu por cinco anos (1971-1976). Antes passou por Nova York, onde realizou a Feira Latino- Americana de Opinião, pela qual recebeu o prêmio Obie Award (Melhor espetáculo off Brodway) e dirigiu com os alunos da New York University, Torquemada, texto escrito durante seu período na prisão, que denuncia a tortura no país.
Em Buenos Aires, dirigiu um grupo de teatro chamado El Machete, além de ter escrito e encenado O grande acordo internacional de Tio Patinhas, e reapresentado Torquemada e Revolução na América do Sul. Em 1976, mudou-se para Lisboa onde dirigiu o grupo A Barraca encenando, em 1977, A barraca conta Tiradentes. Ainda em Lisboa, concluiu o texto Murro em Ponta de faca, peça que aborda a vida de exilados brasileiros no exterior, apresentada, em 1978, em São Paulo, sob a direção de Paulo José.
Em 1979, Boal foi convidado para lecionar na Université de la Sorbonne – Nouvelle, em Paris, onde cria o CEDITADE – Centre d´Étude et Diffusion des Thecniques Actives d´Expression, posteriormente conhecido como Centre du Theâtre de L´Opprimé- Augusto Boal. No ano seguinte apresentou, junto com o Theâtre de Soleil, Stop C´est magique, sob sua direção, na Cartouchérie de Paris, e, em 1981, recebeu do governo francês a condecoração Officier des Arts et des Lettres.
Durante o período em que residiu em Paris, Boal viajou muito, adaptando e dirigindo peças de autores estrangeiros ou reapresentando textos de sua autoria. Merece destaque, Nada más a Calingasta, de Júlio Cortázar, apresentado no Schauspielhaus, em Graz, na Austria (1981); Das Publikum (O Público), de Frederico Garcia Lorca, em Wuppertal, na Alemanha (1984). Em Paris, dirigiu Erendira, de Gabriel Garcia Marques, no Theâtre National Populaire, com a participação de Marina Vlady.
Em 1985, montou, no Rio de Janeiro, O corsário do Rei, de sua autoria, com música de Edu Lobo e letras de Chico Buarque, e em 1986, dirigiu Fedra, de Jean Racine. Ainda em 1986, retornou definitivamente para o Brasil e, a convite do então Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Darcy Ribeiro, passa a dirigir a Fábrica do Teatro Popular. Nesse mesmo ano cria o Centro do Teatro do Oprimido – CTO, visando difundir as técnicas do teatro do oprimido, no Brasil.
Em 1992, Augusto Boal foi eleito vereador pelo estado do Rio de Janeiro, pelo Partido dos – Trabalhadores (PT). Dos 33 projetos encaminhados à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, 14 tornaram se leis municipais. Na Câmara, criou o teatro legislativo, no qual seus assessores são ao mesmo tempo “coringas” do Teatro dos Oprimidos. Nesse período, formou 50 grupos de teatro que atuavam em favelas, sindicatos e igrejas.
No final do século XX, Boal iniciou uma experiência de abordagem de óperas tradicionais, utilizando ritmos brasileiros, denominada por ele de sambóperas. Em 1999 estreou Carmem, de Bizet, escrita em parceria com Celso Branco, e em 2001, realizou uma nova experiência com La traviata, também em parceria com Celso Branco, e com direção musical de Jayme Vignolli.
Escreveu duas comédias, em 1998, que foram encenadas na primeira década do século XXI: Amigo oculto, que estreou em 2000, no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, sob a direção de Marília Pera; e A herança maldita, montada pelo grupo A barraca, em Portugal, sob a direção de Helder Costa.
Pouco antes de sua morte, Boal foi nomeado pela Unesco, “Embaixador do Teatro”. É autor de diversos livros em vários idiomas, além de ter colecionado títulos e honrarias durante sua trajetória. Na década final de sua vida, dedicou-se quase que completamente ao teatro do oprimido, dirigindo oficinas, publicando livros e realizando palestras no Brasil e no exterior. Faleceu em 2 de maio de 2009, no Rio de Janeiro.

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