A Fedra, texto clássico de Jean Racine, foi traduzido por Millôr Fernandes e dirigido por Augusto Boal. A peça estreou no dia 20 de fevereiro de 1986 no Teatro de Arena do Rio de Janeiro.
Depois de ficarem em cartaz no Rio de Janeiro, o elenco fez turnê com a peça pelas capitais do país como São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Brasília, Porto alegre e outras cidades.
Fedra é considerada uma das obras-primas do classicismo francês e um dos textos mais fortes de Racine. Para escrevê-la, em 1677, Racine baseou-se em Hipólito, de Eurípedes. Millôr e Boal trazem então, no ano de 1986, a tragédia francesa para o Brasil.
O elenco da Fedra de Boal contava com os nomes de Fernanda Montenegro, Edson Celulari, Fernando Torres entre outros e a cenografia e figurino foram assinadas por Helio Eichbauer.
Fernanda Montenegro fez um grande sucesso no papel de Fedra. Boal e Fernanda já manifestavam desejo de montar algo juntos há alguns anos, mas somente em 1986, com a volta de Boal ao Brasil, conseguiram realizar este desejo com Fedra, que escolheram juntos.
Fernanda em entrevista de jornal da época comenta sobre essa vontade de trabalhar com Boal: “Há 28 anos eu e o Boal tentamos trabalhar juntos e nunca tivemos oportunidade (…) trabalhar junto com o Boal e ser orientada por ele também é muito importante neste momento, porque o Boal é solicitador, instigador”.
A escolha de Fedra tinha a ver com a busca por um tema que falasse dos problemas essenciais do ser humano. Boal que já estava envolvido com seu trabalho de teatro do oprimido mundo a fora, confessa:
“Tenho duas vertentes no meu trabalho: o teatro como arte e o teatro como pedagogia. Fedra faz parte da primeira vertente. É uma peça em que você descobre não Racine, mas você mesmo as pulsões do conflito entre amor e morte. (…) Fedra vive o lado arcaico que guardamos em nós” (BOAL, Augusto em entrevista para jornal em 1987).