Augusto Boal

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Zumbi

21.04.2012

Depois da morte de Augusto Boal, a idéia de montar Zumbi se impôs a mim como um
mandato.
Resgatar a energia do Teatro de Arena, a sua alegria contagiante, a sua coragem, o seu
entusiasmo.
Zumbi nasceu em tempos de tristeza e medo.
Por que não voltar a fazer Zumbi em tempos de paz e alegria?
A história do Teatro de Arena é indissociável da historia de Zumbi, espetáculo que se
tornou uma lenda, tal como a do príncipe africano vendido como escravo e criador de
uma terra livre.
Um sonho de liberdade que era o sonho dos jovens dos anos 70.
Nós queremos contar para os jovens de hoje como pensavam, o que desejavam,
porque lutava os jovens que viviam em plena ditadura.
Se o Arena conta a história de Zumbi, Zumbi conta a historia do Arena.
Zumbi sintetiza o essencial da sua pesquisa estética: um claro conteúdo ideológico,
uma história brasileira, a música como veículo privilegiado.
Na montagem, Boal desenvolveu uma das suas propostas mais caras: a do sistema
Coringa, todos os atores deveriam encarnar todas as personagens.
Trinta anos já se passaram desde a noite em que eu mesma subi no palco do teatro
Regina de Buenos Aires para contar e cantar a historia de Zumbi, contar um pouco da
historia do Brasil para o público portenho.
Hoje a minha proposta é também a realização de um sonho e um desejo: ver Zumbi
representado por um elenco de atores negros.
Tenho a pretensão de crer que Boal e Zumbi estariam de acordo.
E espero em breve poder dizer:
O Instituto Augusto Boal orgulhosamente apresenta Zumbi com a direção de João das
Neves.
Temos ainda muitas histórias para serem contadas!!
Que Zumbi seja a primeira
Cecília Boal – Instituto Augusto Boal