Augusto Boal

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Esperança é uma palavra traiçoeira como, aliás, todas as palavras podem ser. 

Palavras são meios de transporte, como o caminhão, o trem e o carrinho de mão. Seu valor depende da carga que lhe pomos dentro: nossos desejos, sentimentos, idéias e emoções.

Esperança pode ter dois sentidos, adversos. O primeiro me aborrece: esperança = esperar. Até quando? Acreditar que vai acontecer e… ficar esperando que aconteça. Já esperamos demais! Essa esperança é má, delega poderes ao futuro como se, no futuro incerto e distante – e não hoje, aqui e agora! – estivesse a solução dos nossos problemas.  

Esperança pode ser entendida também de outra forma, e dessa eu gosto: esperança é também a dinâmica expectativa de algo iminente que vai acontecer e que depende de nós. Neste caso, temos esperança não no futuro, que ainda não existe, mas no presente onde inventamos esse futuro. Esperança em que serão bem sucedidas as medidas que tomamos hoje, ações refletidas que praticamos agora, atos pensados com que conduzimos nossas vidas, a cada instante. Esta esperança revela confiança em nós mesmos – nós, que assumimos a responsabilidade por nossos atos: sabemos o que queremos, e vamos consegui-lo!

Esperança = espera – essa é nociva porque afirma que o “futuro a Deus pertence” e não a nós;  desmobiliza. Como se não fossemos responsáveis por nada quando, na verdade, somos responsáveis por quase tudo, a começar por nós mesmos.

Esperança = expectativa – essa é boa porque é uma conseqüência da nossa ação, e revela confiança naquilo que fazemos, revela a certeza de que um mundo melhor é possível. Depende de nós!

De esperança e de expectativa nascem duas palavras, quase iguais:  expectador, aquele que fica na expectativa do que vai acontecer; e espectador, aquele que observa o que está acontecendo. 

Temos que inventar uma terceira palavra: Espect-Ator – aquele que observa, analisa, e assim se prepara para fazer acontecer: somos atores na sociedade e temos que ser Protagonistas de nossas vidas. Temos que fazer acontecer

Só temos o direito de ter esperança no futuro se formos capazes de ter confiança em nós mesmos, no presente.

Tenho grande esperança no MST, e tenho a certeza de que o MST tem uma enorme esperança em si mesmo. O MST está fazendo e sempre fará!

Companheiro Boal,

A ti sempre estimaremos por nos ter ensinado que só aprende quem ensina. Tua luta, tua consciência política, tua solidariedade com a classe trabalhadora é mais que exemplo para nós, companheiro, é uma obra didática, como tantas que escreveu. Aprendemos contigo que os bons combatentes se forjam na luta.

Quando ingressou no coletivo do Teatro de Arena, soube dar expressão combativa ao anseio daqueles que queriam dar a ver o Brasil popular, o povo brasileiro. Sem temor, nacionalizou obras universais, formou dramaturgos e atores, e escreveu algumas das peças mais críticas de nosso teatro, como Revolução na América do Sul (1961). Colaborou com a criação e expansão pelo Brasil dos Centros Populares de Cultura (CPC), e as ações do Movimento de Cultura Popular (MCP), em Pernambuco.

Mostrou para a classe trabalhadora que o teatro pode ser uma arma revolucionária a serviço da emancipação humana.

Aprendeu, no contato direto com os combatentes das Ligas Camponesas, que só o teatro não faz revolução. Quantas vezes contou nos teus livros e em nossos encontros de teu aprendizado com Virgílio, o líder camponês que te fez observar que na luta de classes todos tem que correr o mesmo risco.

Generoso, expôs sempre por meio dos relatos de suas histórias, seu método de aprendizado: aprender com os obstáculos, criar na dificuldade, sem jamais parar a luta.

Na ditadura, foi preso, torturado e exilado. No contra-ataque, desenvolveu o Teatro do Oprimido, com diversas táticas de combate e educação por meio do teatro, que hoje fazemos uso em nossas escolas do campo, em nossos acampamentos e assentamentos, e no trabalho de formação política que desenvolvemos com as comunidades de periferia urbana.

Poucas pessoas no Brasil atravessaram décadas a fio sem mudar de posição política, sem abrandar o discurso, sem fazer concessões, sem jogar na lata de lixo da história a experiência revolucionária que se forjou no teatro brasileiro até seu esmagamento pela burguesia nacional e os militares, com o golpe militar de 1964.

Aprendemos contigo que podemos nos divertir e aprender ao mesmo tempo, que podemos fazer política enquanto fazemos teatro, e fazer teatro enquanto fazemos política.

Poucos artistas souberam evitar o poder sedutor dos monopólios da mídia, mesmo quando passaram por dificuldades financeiras. Você, companheiro, não se vergou, não se vendeu, não se calou.

Aprendemos contigo que um revolucionário deve lutar contra todas, absolutamente todas as formas de opressão. Contemporâneo de Che Guevara, soube como ninguém multiplicar o legado de que é preciso se indignar contra todo tipo de injustiça.

Poucos atacaram com tanta radicalidade as criminosas leis de incentivo fiscal para o financiamento da cultura brasileira. Você, companheiro, não se deixou seduzir pelos privilégios dos artistas renomados. Nos ensinou a mirar nos alvos certeiros.

Incansável, meio século depois de teus primeiros combates, propôs ao MST a formação de multiplicadores teatrais em nosso meio. Em 2001 criamos contigo, e com os demais companheiros e companheiras do Centro do Teatro do Oprimido, a Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré.  Você que na década de 1960 aprendeu com Virgílio que não basta o teatro dizer ao povo o que fazer, soube transferir os meios de produção da linguagem teatral para que nós, camponeses, façamos nosso próprio teatro, e por meio dele possamos discutir nossos problemas e formular estratégias coletivas para a transformação social.

Nós, trabalhadoras e trabalhadores rurais sem terra de todo o Brasil, como parte dos seres humanos oprimidos pelo sistema que você e nós tanto combatemos, lhes rendemos homenagem, e reforçamos o compromisso de seguir combatendo em todas as trincheiras. No que depender de nós, tua vida e tua luta não será esquecida e transformada em mercadoria.

O teatro mundial perde um mestre, o Brasil perde um lutador, e o MST um companheiro. Nos solidarizamos com a família nesse momento difícil, e com todos e todas praticantes de Teatro do Oprimido do mundo.

Dos companheiros e companheiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

02 de maio de 2009

De: Augusto Boal <augustoboal@terra.com.br>

Data: 27 de outubro de 2008 17h39min54s GMT-02:00

Para: nana_perrone@yahoo.com.br

Assunto: Re: Perguntas Do dever de his.

Querida Mariana Fontes,

fico muito impressionado e feliz que você, com 10 anos, já se preocupe com a história recente do Brasil, com os sistemas politicos e ATÉ mesmo com essa coisa horrível que nos aconteceu: a ditadura. Parabéns e muitas felicidades. Vou tentar responder o mais claramente possível, em maiúsculas, logo depois das suas perguntas. Fico torcendo por você na escola, na sua família, com seus amigos, e na sua vida.

Augusto Boal

Em 24/10/2008, às 20:12, Mariana Fontes Vieira Perrone escreveu:

Oi,sou Mariana Fontes Vieira Perrone 10 anos, e este e-mail contem perguntas sobre a ditadura Militar e a sua biografia para um trabalho de historia que meu colégio passou.

Perguntas:

.Como diretor de teatro você fez muitas peças de teatro falando sobre a ditadura?

FIZ SIM. NEM SEMPRE FALAVAM ABERTAMENTE PORQUE NAQUELA ÉPOCA HAVIA CENSURA QUE CORTAVA TODOS OS TEXTOS. ESCREVI UMA PEÇA, POR EXEMPLO, CHAMADA “TIO PATINHAS E A PÍLULA”, EM QUE APARECIAM PERSONAGENS HE QUADRINHOS COMO BATMAN E ROBIN: VOCÊ JÁ REPAROU COMO ESSES DOIS SÃO GENTE FORA DA LEI? COMETEM TODAS AS ILEGALIDADES E ATÉ CRIMES, E FICA TUDO POR ISSO MESMO. MANDRAKE – NÃO SEI SE AINDA EXISTE -, ERA UM MÁGICO, GRANDE PROPRIETÁRIO DE TERRAS – COMO OS GRANDES CORONEIS LATIFUNDIÁRIOS DE HOJE, ESPECIALMENTE DO NORDESTE – QUE TAMBÉM PERSEGUIA AS PESSOAS E NÃO LHE ACONTECIA NADA. CLARO QUE ESSA PEÇA FOI PROIBIDA COMO ALGUMAS OUTRAS QUE ESCREVI.

.Na época da ditadura você foi exilado e torturado pelos militares?

EM 1971 FUI PRESO, FIQUEI EM UMA CELA SOZINHO UMA SEMANA. DEPOIS TRÊS MESES COM MAIS 15 COMPANHEIROS, FUI TORTURADO, E DEPOIS FUI MAIS DO QUE EXILADO: FUI BANIDO.

.Por quais países você passou na época da ditadura militar?

MORAR MESMO, MOREI NA ARGENTINA CINCO ANOS PORQUE A MINHA MULHER, CECÍLIA, É ARGENTINA E TEM FAMILIA LÁ; DEPOIS, VEIO LÁ TAMBÉM UMA DITADURA HORRÍVEL NA ARGENTINA, FOMOS PARA PORTUGAL MORAR DOIS ANOS; DEPOIS A UNIVERSIDADE DE SORBONNE ME OFERECEU SER PROFESSOR POR UM ANO NA ESCOLA DE TEATRO DELES, EU ACEITEI E TODA A FAMÍLIA FOI MORAR EM PARIS 7 ANOS.

.Algumas peças suas foram censuradas pelos militares?

MUITAS.

.Quais foram elas?(se tiverem)

O TIO, SIMON BOLIVAR, A LUA PEQUENA E A CAMINHADA PERIGOSA, REVOLUÇÃO NA AMÉRICA DO SUL…. OUTRAS QUE EU NEM ME LEMBRO.

. O Palco que despertou seu interesse por teatro?

DESDE QUE EU TINHA NOVE ANOS FAZIA TEATRO PARA A MINHA FAMILIA DIRIGINDO OS MEUS IRMÃOS E PRIMOS…

. Como ingressou na carreira de autor e diretor teatral?

ESTUDEI NA UNIVERSIDADE DE COLUMBIA EM NOVA YORK POR DOIS ANOS, DEPOIS, O JOSÉ RENATO QUE ERA O DIRETOR DO TEATRO DE ARENA DE SÃO PAULO ME CHAMOU E ME OFERECEU CO-DIRIGIR O ARENA COM ELE: FIQUEI LÁ 15 ANOS ATÉ SER PRESO.

.Você participou de muitas greves contra a ditadura?

GREVE NÃO, PORQUE RARAMENTE O TEATRO FAZ GREVE, MAS DE MANIFESTAÇÕES PARTICIPEI SIM, SEMPRE QUE PUDE.

.Como foi a ditadura para você?

UM HORROR.

.A ditadura teve algo de bom?

NADA. DITADURA QUE TORTURA, MATA, EXILA… ISSO NÃO PODE TER NADA DE BOM.

.Você já escreveu algum livro?

MAIS DE VINTE. AGORA MESMO ESTOU ESCREVENDO MAIS UM: A ESTÉTICA DO OPRIMIDO. NELES , EU MOSTRO QUE TODAS AS PESSOAS SÃO SÃO ARTISTAS, NASCEM ARTISTAS. ESCREVI TAMBÉM UMA AUTOBIOGRAFIA ONDE EU CONTO TUDO: “HAMLET E O FILHO DO PADEIRO”. MEU PAI TINHA UMA PADARIA NA PENHA-CIRCULAR.

.Se escreveu qual foi ele?

JÁ RESPONDI.

. O que é e como atua o CTO – Centro de Teatro do Oprimido?

É UM GRUPO DE 8 PESSOAS QUE TRABALHA COMIGO HÁ 18 ANOS E FAZ TEATRO DO OPRIMIDO EM TODO O BRASIL, NA ÁFRICA E ATÉ NA ÍNDIA. ALÉM DELES SÃO MAIS OITO OU DEZ. ALÉM DESTAS PESSOAS, MAIS DEZENAS ESPALHADAS POR VÁRIOS ESTADOS. SE VOCE QUIZER CONHECER MELHOR O T.O.. ACESSE:

www.theatreoftheoppressed.org/en (internacional) e

www.ctorio.org.br (CTO aqui do Rio)

.Você estudou em qual colégio?

PRIMEIRO, COLÉGIO SANTA TERESA, EM OLARIA; DEPOIS, COLÉGIO BRASILEIRO EM SÃO CRISTOVAO. DEPOIS NA ESCOLA NACIONAL DE QUÍMICA DA UNIVERSIDADE DO BRRASIL (QUE ERA NA PRAIA VERMELHA NAQUELA ÉPOCA). EU SOU ENGENHEIRO QUÍMICO… MAS ESQUECI TUDO.

.Quando começou a se interessar por teatro?

DESDE SEMPRE. TODO BEBÊ GOSTA DE FAZER TEATRO, PINTAR, DANÇAR, TUDO – ARTE NASCE COM A GENTE. EU SÓ NÃO PAREI DE FAZER TEATRO NUNCA.

.Por quanto tempo ficou exilado? (se ficou)

SOMANDO TUDO, 14 OU 15 ANOS.

.Na época João Goulart foi retirado do governo pelos militares, antes disso acontecer o povo já sabia ou foi uma surpresa inesperada?

JÁ SE IMAGINAVA QUE IA ACONTECER, SIM.

.Como era a participação política na época?

TUDO QUE ERA POSSÍVEL FAZER PARA TENTAR VOLTAR À DEMOCRACIA, TUDO ISSO FAZÍAMOS.

Quais foram os nomes das greves que você participou? (se participou de alguma(s).)

JÁ RESPONDI.

Comente um pouco sobre a ditadura, o que ela representou para você?

ESTOU COMENTANDO: TUDO ISSO QUE EU DISSE AÍ ACIMA VALE.

Quais São suas comparações com a ditadura militar e a república velha, e com a república nova?

HOJE A GENTE PODE RECLAMAR, PROTESTAR, DIZER O QUE PENSA. HOJE VOCÊ PODE ME ESCREVER FAZENDO AS SUAS PERGUNTAS E EU POSSO RESPONDER DIZENDO O QUE PENSO. MAS FALTA MUITO PARA QUE A GENTE ESSA DIZER QUE VIVE EM UMA DEMOCRACIA: FALTAM ESCOLAS E HOSPITAIS, FALTA EMPREGO E MORADIA…. FALTA MUITO, MUITO MESMO…

Muito Obrigada!!!

Já está disponível Teatro Situado. Revista de artes cênicas com olhos latino-americanos. N°8. Edição bilíngüe espanhol/português. Este número contém textos da Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Venezuela sobre o tema Soberania Cultural.

Coordenadoras: Julieta Grinspan | Mariana Mayor | Mariana Szretter | Patrícia Freitas | Veronica Caliva | Design gráfico | Rocío Giorgi. Imagem de capa: Escena de Balada de Pobre BB, com direção de Alexis Días Villegas. Foto cortesia de Spazio Teatro Nohma, Cuba.

Ya está disponible Teatro Situado. Revista de Artes Escénicas con ojos latinoamericanos. N°8. Edición bilingüe español/portugués. En este número hay artículos de Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Venezuela sobre el tema Soberania Cultural. La descarga de la revista es libre y gratuita.
Coordinadoras: Julieta Grinspan | Mariana Mayor | Mariana Szretter | Patrícia Freitas | Veronica Caliva | Diseño gráfico | Rocío Giorgi. Imagen de tapa: Escena de Balada de Pobre BB, com dirección de Alexis Días Villegas. Foto cortesia de Spazio Teatro Nohma, Cuba.

Prefácio da nova edição de “O Homem Proibido”, por Cecilia Thumim Boal

Nelson/ Suzana, uma bandeira?  Quem tem medo de ser mulher? 

Qual é a do Nelson? Tem algo mais intrigante?  Um homem usar como pseudônimo um nome de mulher? E nos anos 40? Susana Flag, Suzana Bandeira. Qual é a bandeira desta Suzana?  Muitas, muitas perguntas.

Mas antes de tentar responder vou me apresentar. Não sou uma especialista em Nelson Rodrigues nem uma estudiosa de literatura brasileira. Também não pretendo me tornar uma. Por isso me surpreendeu o convite da editora HarperCollins para escrever o prefácio desta publicação. Em um primeiro momento pensei em recusar usando esse argumento. Porém, algo me intrigou e provocou o meu interesse. E resolvi aceitar. 

Conheci o Nelson Rodrigues através de Boal, foi uma das primeiras pessoas das quais Boal me falou quando nos conhecemos em Buenos Aires, em 1966. Boal me falou da importância de Nelson na sua vida. Ele se referia a Nelson como tendo sido uma espécie de pai artístico, ele lia e comentava as pecas de teatro escritas pelo jovem dramaturgo de 20 anos, apresentou Boal a outras pessoas de teatro, como Abdias Nascimento. Sugeriu o seu nome ao critico teatral Sábato Magaldi, o que resultou na ida de Boal a São Paulo para assumir o teatro Arena junto com José Renato.

Conheci Nelson e conheci também Suzana Flag. Boal achava muita graça nesse outro lado de Nelson. Esse outro lado que Boal nunca procurou explicar, acho que ele estava mais interessado no Nelson dramaturgo.

Mas o que leva um homem, um dramaturgo, a escrever esses textos recheados de dramas passionais além de ajudar a pagar as contas no final do mês? Os folhetins de Suzana Flag conhecem um enorme sucesso recheados, como são, de clichês de homens e mulheres rasgados pelo ciúme e o desejo. Um desfile de personagens femininos dos mais convencionais aos mais surpreendentes circularam pelas paginas dos jornais, certamente devoradas com avidez por mocinhas e senhoras dos anos 40 (quem era o publico de Nelson?).

No texto O HOMEM PROIBIDO esses protótipos femininos nos são apresentados desde as primeiras páginas: Joyce, a menina-noiva do vestido branco. Sonia, a sua prima, ocupando o lugar da mãezinha devotada e perfeita, e as suas respectivas mães desnaturadas: D. Senhorinha, mãe de Joyce, mulher cheia de segredos (pode uma mãe ter segredos?) que cometera suicido ninguém sabe se em consequência de alguma paixão proibida e D. Flávia, irmã de D.Senhorinha, que declara ter horror de crianças (pode uma mãe ter horror de criança?).

Lembramos que nos anos 40 a questão do machismo nem chegava a ser uma questão. Era uma forma de ser homem, de afirmar uma identidade. Tudo isso a pesar (e talvez como consequência) do vigor mostrado pelos movimentos feministas.

Porém, apesar do machismo certo, acreditamos que Nelson certamente gostava das mulheres e se identificava com elas. Tomava partido Mas era viável para um homem de aquela época se manifestar abertamente? Certamente não.  Usando o disfarce de Suzana Flag afirmar que as mulheres tinham desejo, que gostavam de sexo se tornava possível. Um escândalo para aquela sociedade hipócrita e dissimulada. Suzana/Nelson, Nelson/Suzana afirmam que o sexo não é uma prerrogativa dos homens, é também um direito das mulheres. Seria um exagero definir Nelson Rodrigues como um feminista? Essa pergunta tem pertinência? 

Em todo caso Nelson não tenta simplificar o que é complexo. 

O estilo do folhetim não é realista, podemos até dizer que é cafona, um catálogo de frases feitas, recheado de lugares comuns E ao mesmo tempo cheio de encanto e magia, criando um universo completamente irreal. Joyce calca chinelinhos de arminio. Sonia e Paulo vivem uma felicidade sem defeito. Subitamente uma fatalidade se abate sobre todos eles provocando uma tragédia que muda irremediavelmente o destino dos protagonistas.

Suspense, culpa, remorsos, traição, todos esses elementos do mais puro melodrama despertam a vontade de continuar lendo, continuar sonhando com esses amores extraordinários tão diferentes e alheios ao quotidiano das mulheres (e dos homens, por que não?) que compram o jornal. 

E não vou me alongar mais, a palavra com Suzana Bandeira. Vamos com ela penetrar no universo do melodrama, do folhetim, conhecer com ela esse tesouro de amor, delicia e sofrimento. E descobrir com ela porque O HOMEM PROIBIDO é um homem proibido. 

Já está disponível Teatro Situado. Revista de artes cênicas com olhos latino-americanos. N°7. Edição bilíngüe espanhol/português. Este número contém textos da Argentina, Brasil, Colombia, Cuba, Panamá e Venezuela sobre o tema Encontros e Festivais.

Coordenadoras: Julieta Grinspan | Mariana Mayor | Mariana Szretter | Design gráfico | Rocío Giorgi .

Imagem de capa:
Foto de Giovanny Galvez Companhia Trans Express. “Muñecas gigantes”, na Praça Bolívar de Manizales.

Pronunciamento proferido por Augusto Boal na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro no da 4 de junho de 1993.

Compartilhamos hoje a quarta e última edição do jornal do Mandato Político Teatral de Augusto Boal – Boca no Trombone: “Quero mais”. Já no terceiro e último ano de mandato Boal compartilha tudo que já foi feito e o desejo de se reeleger para continuar o trabalho. Dezenas de grupos foram criados, leis foram aprovadas, emendas à Lei Orgânica do Município e muito mais.

Compartilhamos hoje a terceira edição do Jornal do Mandato Político Teatral de Augusto Boal “Boca no Trombone”. De Março/Abril de 1996 com o título: “Teatro Legislativo: já existe” a edição traz notícias de ações do Mandato. Entre elas as ações de Boal enquanto Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara; os núcleos (19) de Teatro Legislativo em atuação; eventos; homenagens e leis aprovadas.

Já está disponível Teatro Situado. Revista de artes cênicas com olhos latino-americanos. N°6. Edição bilíngüe espanhol/português. Este número contém textos da Argentina, Bolivia, Brasil, Cuba, México, Peru, Porto Rico, sobre o tema Teatros e Militâncias.

Coordenadoras: Julieta Grinspan | Mariana Mayor | Mariana Szretter | Design gráfico | Lorena Divano e Lucas Arias. Imagem de capa: Marea Roja. Fotografia de Claudia Córdova Zignago, novembro de 2020.

Ya está disponible Teatro Situado. Revista de Artes Escénicas con ojos latinoamericanos. N°6. Edición bilingüe español/portugués. En este número hay artículos de Argentina, Bolivia, Brasil, Cuba, México, Peru, Puerto Rico, sobre el tema Teatros y Militancias. La descarga de la revista es libre y gratuita.
Coordinadoras: Julieta Grinspan | Mariana Mayor | Mariana Szretter | Diseño gráfico | Lorena Divano y Lucas Arias. Imagen de tapa: Marea Roja. Fotografía de Claudia Córdova Zignago, noviembre de 2020.