Augusto Boal

Blog

teatrojornal1 1
O Teatro de Arena de São Paulo publicou em 1971 o livro de Augusto Boal “Categorias do Teatro Popular” em que Boal definiu quatro categorias:

  • Teatro do povo para o povo
  • Teatro do povo para outro destinatário
  • Teatro da burguesia para o povo
  • Teatro Jornal

No capítulo sobre Teatro Jornal, Boal desenvolve 9 técnicas para utilizá-lo. Publicamos aqui o último capítulo do livro, com as nove técnicas.
 

Augusto Boal escreveu a peça “O corsário do rei” em 1985, em seu retorno a Brasil após 14 anos exilado. A peça, encenada no Rio de Janeiro, no Teatro João Caetano, suscitou intensa discussão na época, revelando as divergências da classe artística no período posterior a ditadura militar. Seguem duas reportagens que ilustram este momento.
Texto de Tarso de Castro publicado n´A Tribuna da Imprensa em 1 de outubro de 1985:
Os corsários do fascismo - Tarso de Castro.jpg
Entrevista de Christine Ajuz e Marília Martins publicada na Revista IstoÉ em 23 de outubro de 1985:


 
 
 

lume 304-054.jpg
Dia 1 de junho de 2017 nos despedimos de Vanya Sant´Anna. Vânia atuou com o Teatro de Arena nas peças Tartufo, Arena conta Zumbi (foto) e Arena conta Tiradentes. Fica aqui nossa homenagem.
Foto de Derly Marques (1965).
Esta e demais fotos podem ser acessadas no banco de dados online de Augusto Boal: http://www.acervoaugustoboal.com.br/

Está acontecendo no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, a exposição Meus caros amigos – Cartas do exílio. Por lá o Educativo propôs uma atividade em que os visitantes escrevem cartas, aqui tem algumas delas!
carta amabilecartas expo

foto boal com os baianos
Foto do elenco de “Arena canta Bahia” (1965) com o diretor Augusto Boal.
Em cima: Gilberto Gil, Jards Macalé, Caetano Veloso e Roberto Molim.
Em baixo: Tom Zé, Maria Bethânia, Augusto Boal, Gal Costa e Piti.

Foto de Derly Marques.
Esta e demais fotos podem ser acessadas no nosso Banco de dados online: http://www.acervoaugustoboal.com.br/

A plataforma Digital Theatre Plus, começará a disponibilizar um material do Acervo Augusto Boal em inglês. Existe um conteúdo para acesso gratuito e uma parte do material pode ser acessado através de um cadastro na plataforma.
Você pode acessar ao conteúdo aqui !

Foi inaugurada na Universidade de Buenos Aires, no Instituto de Artes del Espectaculo a Biblioteca Boal. Na próxima segunda-feira, dia 22 de Maio, será projetado o documentário “Tras las huellas de Augusto”, realizado pela produtora argentina VacaBonsai e por Cora Fairstein, Paula Cohen e Debora Markel. O documentário é sobre a passagem de Augusto Boal pela Argentina e os seus encontros com os teatreros portenhos.
O documentário na íntegra está em espanhol no canal do Youtube da produtora:
https://www.youtube.com/watch?v=dVslx8OmE3k

NO MESMO MOMENTO EM QUE LULA ESTÁ SENDO MASSACRADO PELA MIDIA MAIS SÓRDIDA E CONSERVADORA ENCONTRAMOS ESTE TEXTO DE BOAL PRONUNCIADO NO DIA DA POSSE
LULA FOI PERFEITO ? FOI TUDO QUE ESPERÁVAMOS DELE?
CERTAMENTE NÃO, MAS NADA COMPARÁVEL A ESSA CORJA DE FASCÍNORAS, A ESSA MAFIA QUE ESTÁ NO PODER AGORA
E FOI POR ISSO , POR ACREDITAR NUM PAIS MAIS JUSTO E SOLIDARIO , QUE PESSOAS DA MELHOR QUALIDADE , COMO BOAL , PAULO FREIRE, ANTONIO CÂNDIDO E TANTOS OUTROS, HOMENS E MULHERES , APOIARAM LULA
QUEM APOIA TEMER ???
a nossa voz não pode muito mais gritar eu bem gritei
A POSSE, COMO CULTURA
Augusto Boal
No mesmo dia em que foi proclamado Presidente Eleito, Lula anunciou seu programa econômico prioritário: acabar com a fome de cinqüenta milhões; sua primeira iniciativa internacional: estender a mão aos argentinos.
Anunciou, não pequenas opções micro-econômicas ou diplomáticas, mas a transformação radical da forma de governar – a inversão de prioridades e uma nova Ética, sem zonas cinzas: preto no branco. Anunciou que um Brasil novo começava a ser inventado: é preciso imaginá-lo para melhor construí-lo.
Lula não prometeu reforminhas, curativos de esparadrapo, mas uma Revolução copernicana: re-situar nosso país, dentro e fora de suas fronteiras.
O que vale para a Política Internacional e para a Economia, por coerência, vale para a Cultura.
Temos que abandonar de vez a idéia da existência de uma Cultura celestial, esvoaçante, e resolutamente adotar a idéia de que Cultura é o ser humano vivo, em todas suas atividades. Todo mundo a possui. Não devemos falar em Acesso à Cultura, como se fosse ela produzida por deuses, em Olimpos inalcançáveis. Como se cada brasileiro fosse página branca sobre a qual se carimbasse a Cultura, caída do céu.
Temos que afirmar que, quando respiram, quando trabalham, quando amam, todos os seres humanos produzem Cultura, mesmo quando esmagada por outras – donas dos meios de comunicação -, mesmo quando não se transformam em objetos de comércio.
A eleição de Lula foi única: jamais se viu festa popular tão sincera, esperança tão arrebatada, feita, não de expectativa paralisante, mas de paixão criadora: começo da realização do desejo, esperança impaciente.
A posse do Presidente Lula não poderá se reduzir aos rituais rotineiros, e apenas bater recordes numéricos: um, dois, três, ou cinqüenta e três milhões de gentes a mais na praça dos Três Poderes! Não apenas quantidade: qualidade.
Lula não será um presidente seqüencial: será o começo do Redescobrimento.
Sua posse não poderá se reduzir a uma obediente cerimônia protocolar em Brasília, mas deverá medir, milímetro por milímetro, oito milhões e meio de quilômetros quadrados de largura e comprimento, por cento e setenta e cinco milhões… de altivez.
No dia da posse, devemos decretar a prorrogação da Primavera por quatro anos ininterruptos. Em todas cidades e em cada povoado, cada um de nós deverá dar vida à sua Imagem do Sonho. O Projeto Cultural do Governo Lula deve resplandecer desde o primeiro dia, desde a posse!
Lula falou contra a fome e a favor da solidariedade dos oprimidos: devemos transformar, em arte, suas palavras. Temos que estetizá-las.
Estetizar significa transmitir pelos sentidos e não apenas pela razão. Lula falou palavras: temos que mostrá-las como sólidas, palpáveis e beliscáveis.
Temos que teatralizá-las, pintá-las, esculpi-las, cantá-las, torná-las concretas, fotografáveis, filmáveis.
Como fazer? É muito simples!
Primeiro: em todas as praças de todos os povoados do país inteiro, vamos realizar Feiras Culturais com as quais, desde manhã bem cedo, antes que fuja a noite – desde a primeira luz! – vamos acordar o sol com orquestras, bandas e blocos; pintores e escultores; artistas de circo e teatro, bordadeiras, poetas e repentistas, corais e solistas – ao ar livre, em vielas e descampados, todos em sincronia, nas cidades e nos campos, todos nós, em toda parte, vamos mostrar nossa arte. Vamos saudar o dia!
Segundo: em praças e ruas, o povo deve instalar mesas improvisadas, com toalhas limpas e lindas – mesmo que sejam de papel de embrulho, bordadas com tesoura e lápis de cor – para as quais deve trazer pão e comida, e dividi-los com amor.
Terceiro: isto é importantíssimo – todos devem estar comendo na hora da posse do Presidente Lula! No ato do juramento, quando ele disser – “Eu Juro!” – todos, no país inteiro, todos ao mesmo tempo, devemos levar à boca alimento, e mastigar com bravura, pois acabar com a fome ele jura: juremos juntos, comendo, juremos o mesmo juramento! O brinde ao seu governo deve ser mastigado com ganas e com verdade. Devemos ser companheiros – comer o mesmo pão, coletivo. Em nossa mão aberta, oferecer, ao próximo, comida.
Quarto: a população deve dar o que tiver de descartável em suas casas e possa, a outros, ser útil: sapatos, roupas, móveis, espelhos, panelas, livros, quadros, violões e reco-recos, quaisquer objetos que tenham serventia, que saiam do armário e venham todos à luz do dia. Dar e trocar!
Quinto: para essas Feiras, devem ser convidadas comunidades estrangeiras que vivam no Brasil, para que tragam sua dança, música, comida – vamos dialogar.
Sexto: após a posse, em ruas e praças, todos os esportes serão praticados; pingue-pongue, jogo de malha e peteca, bola de gude, pulo de corda e carniça, voleibol, basquete, luta romana e grega, corridas, ginástica, trapézios… Tudo é Cultura.
Sétimo: em uma tribuna visível, cidadãos terão direito a três minutos de fala para fazerem propostas de governo, que deverão ser levadas a sério, às Câmaras, analisadas, votadas. A sério, que com a lei não se brinca!
Enquanto em Brasília dura a festa, no Brasil vive a alegria. Depois, vamos dormir mais cedo: o Dia da Posse será prenúncio e mostra do Mandato Popular – será proclamado o Dia da Cultura.
Estamos sonhando, é verdade, e o nosso sonho é sonho. Mas, se hoje sonhamos, é porque temos agora o direito de sonhar o sonho verdadeiro: hoje, sonhar não é proibido: sonhar é possível. Sonhar… não é sonho.
Sonhemos!

No dia 11 de abril de 2017 na Casa Rio, a Companhia Atores da Fábrica encenou o texto “Panchito Gonzalez”, uma adaptação do texto do dramaturgo argentino Osvaldo Dragún. A encenação faz parte o ciclo Teatro e Economia, idealizado pelo Instituto Augusto Boal e o economista Luiz Mario Behnken e teve a participação de Eduardo Pinto, professor da Escola de Economia da UFRJ.
A ideia é promover o debate sobre questões econômicas a partir de cenas teatrais. Esta cena lidava com a questão do desemprego e logo após a encenação, foi realizado um Teatro Fórum utilizando as técnicas de Teatro do Oprimido.
No canal no youtube do Instituto Augusto Boal há todo o material deste dia e o vídeo do Teatro Fórum pode ser conferido neste link.

Trazemos aqui documentos que mostram a importância de Nelson Xavier, autor, diretor e ator e sua relação com Augusto Boal e o teatro brasileiro. Nossa saudosa homenagem a este fabuloso artista que nos deixou hoje.

  • Foto de Nelson Xavier na peça “Chapetuba Futebol Clube”, escrita por Oduvaldo Vianna Filho e dirigida por Augusto Boal no Teatro de Arena em 1959.
xavier

Nelson Xavier, Xandó Batista e Milton Gonçalves em “Chapetuba Futebol Clube” (1959). Foto Hejo. Cedoc-Funarte.

  • Carta de 1982 de Nelson Xavier a Augusto Boal

“Você se lembra que nunca me entusiasmei muito com interpretação, lembra que eu desejava mesmo era escrever e dirigir. Pois bem, aconteceu uma coisa mágica este ano, que modificou isso. Eu interpretei Lampião, um seriado curto (8 capítulos) chamado pelo Grisolli. E não é que eu fiquei apaixonado como nunca na vida – não estou exagerando – por um personagem?”
Confira a carta na íntegra:
0079