Augusto Boal

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Como o debate feminista pode ser feito a partir do teatro? Como o teatro pode ser criado a partir do feminismo?
Essas foram algumas das perguntas que o Núcleo Feminista da ETP tentou responder com a cena “Saara vende a Sara e a Mara” apresentada no III Festival Augusto Boal, que aconteceu no último sábado, 19 de julho no Projeto Habitacional Mãe Bernadete, no centro do Rio de Janeiro.

A apresentação é fruto dos debates sobre a dupla e tripla jornada de trabalho que o núcleo vem construindo. Confira a apresentação no vídeo abaixo:

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O Núcleo Feminista faz parte do projeto “Escola de Teatro Popular” com patrocínio do Ministério da Cultura, através da emenda 958743

No último sábado, 19 de julho, o Projeto Habitacional Mãe Bernadete foi transformado em um grande palco de criação popular. O 3º Festival Augusto Boal, realizado pela pelo Instituto Augusto Boal em parceria com a Escola de Teatro Popular (ETP), reuniu mais de cem pessoas ao longo do dia para celebrar a força do teatro como ferramenta de transformação social.

Confira a apresentação do núcleo SEPE Niterói, durante o festival, no vídeo abaixo:

Em cena, os desafios da educação pública, com foco nas contradições dentro e fora da sala de aula. A apresentação trouxe múltiplos olhares sobre desigualdade, ancestralidade, violência de gênero, periferia e esperança — sempre com o desejo de transformar a cena em ação.

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O núcleo Sepe Niterói faz parte do projeto “Poéticas Populares” com patrocínio da Funarte, através da emenda 972588



No próximo sábado, 19 de julho, a Escola de Teatro Popular (ETP) convida todas e todos para um dia inteiro de celebração coletiva, encontro de linguagens e ocupação cultural. A terceira edição do Festival Augusto Boal será realizada no Projeto Habitacional Mãe Bernadete Pacífico, localizado na Rua da Constituição, 38 – Centro do Rio de Janeiro. A entrada é gratuita.

O Mãe Bernadete é muito mais do que um espaço físico — é um território de luta, acolhimento e construção de alternativas de vida digna frente à ausência de políticas públicas. Realizar o festival neste local é, para a ETP, um gesto político e simbólico: ocupar com arte, música, comida e afeto é também afirmar o direito à cidade, ao encontro e à cultura feita com o povo e para o povo.

O Festival nasce da prática cotidiana da ETP, integrando diferentes núcleos formativos e articulando movimentos populares e parcerias internacionais. Nesta edição, o festival conta com a participação especial de estudantes da Montclair State University (EUA), parceria que atravessa fronteiras e amplia a troca de experiências, afetos e linguagens. Também estará presente o deputado federal Tarcísio Motta, reconhecido por sua atuação em defesa da cultura e dos direitos sociais, reforçando o compromisso político do festival com a transformação por meio da arte.

Reunião da Internúcleos da ETP realizada neste sábado (12) para finalizar os preparativos do 3º Festival Augusto Boal

A terceira edição terá uma programação intensa a partir das 14h, com abertura e apresentações de cena dos núcleos Feminista, Maré, SEPE Centro e Niterói. Também fazem parte da programação as cenas construídas pelos grupos Formação de Multiplicadores da ETP, a companhia Peixe de Cardume e pelos estudantes da Montclair State University. 

Ao longo da tarde, haverá também saudações de movimentos sociais e parceiros de luta: Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE), Movimento Unido dos Camelôs (MUCA) e União por Moradia Popular do Rio de Janeiro (UMP). Finalizaremos o dia às 17h30 com o animado Arraiá do Mãe Bernadete, com muita música, comidas típicas e celebração popular. 

O 3º Festival Augusto Boal reafirma o teatro como prática de liberdade e construção coletiva. Cada cena apresentada, cada gesto de acolhimento, cada decoração feita com as próprias mãos, compõe uma dramaturgia viva de resistência popular.

Venha, participe e traga mais gente. O Festival é nosso. A cultura vive na coletividade.

Na última sexta-feira (11/07), o Arraiá da Educação foi palco da estreia do Núcleo SEPE Niterói, que apresentou sua primeira cena no evento, marcando com força e sensibilidade sua entrada nos palcos da luta política e poética. A apresentação integrou a programação do festejo organizado pela Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (ADUFF), pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE) Niterói e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFF, em um encontro que celebrou a educação pública com cultura e consciência coletiva.

A cena retratou os desafios enfrentados cotidianamente por profissionais da educação: do entusiasmo que marca o início da carreira ao desgaste gerado pelas contradições e ataques constantes à escola pública. Com emoção e potência, o grupo mostrou que a trajetória de professores, professoras e servidores da educação é atravessada por luta, resistência e esperança. À medida que a peça avança, o núcleo revela as contradições presentes nessa jornada, que pode assumir diferentes formas e caminhos ao longo do tempo.

Este núcleo de Niterói, em parceria com o SEPE, é o primeiro núcleo da cidade. Os encontros acontecem toda quinta-feira, às 18h, na sede do sindicato (Rua Luiz Leopoldo Fernandes Pinheiro, 481 – Salas 801/802 – Centro, Niterói).

A iniciativa investe na criação de núcleos de teatro político vinculados a movimentos sociais e sindicais, fortalecendo o uso da arte como ferramenta de formação crítica, mobilização e transformação.

A estreia é também um chamado: que mais trabalhadores da educação se aproximem, criem, expressem; porque a escola também é lugar de cena, de fala e de reinvenção do mundo.

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O núcleo Sepe Niterói faz parte do projeto “Poéticas Populares” com patrocínio da Funarte, através da emenda 972588

Desde maio, um grupo diverso e engajado de profissionais da educação e estudantes tem se reunido todas as quintas-feiras, às 18h, na sede do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE) de Niterói. É um grupo diverso, vindo de diferentes escolas da cidade, unidos pelo desejo de transformar suas vivências em cena. Assim nasce e se fortalece o Núcleo SEPE Niterói — hoje o maior núcleo em atividade do Projeto “Poéticas Populares”.

O processo de criação tem sido coletivo e intenso. Cada ensaio é um espaço de escuta, partilha e invenção. A cena que o grupo constrói não nasce de um texto pronto, mas das experiências concretas de quem vive os desafios e contradições da escola pública por dentro. A cada encontro, memórias pessoais ganham forma em improvisações, jogos e discussões que dão corpo à dramaturgia. O riso, a indignação e o afeto são motores que conduzem esse percurso.

A preparação da cena envolve também exercícios de voz, expressão corporal e investigação de linguagem, sempre atravessados pelas referências do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, e do Teatro Épico, de Bertolt Brecht.

O Núcleo SEPE Niterói é resultado de uma parceria entre o Projeto “Poéticas Populares” do IAB e o sindicato, com o objetivo de ampliar o debate político-cultural e potencializar a organização da categoria também pela via artística. Os encontros são abertos a profissionais da educação da cidade e região, com ou sem experiência teatral.

A estreia do grupo está prevista para julho, mas os ensaios já são, por si só, um ato de resistência e criação coletiva. É nos bastidores, no chão da sala, nos intervalos entre uma fala e outra, que nasce uma nova forma de pensar e viver a escola: com corpo, com cena e com luta.
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O núcleo Sepe Niterói faz parte do projeto “Poéticas Populares” com patrocínio da Funarte, através da emenda 972588

Na última sexta-feira (13/06), a Cia Peixe de Cardume levou a cena Progresso para a Ocupação Povo Maravilha, nova ocupação urbana do MTST-RJ localizada no coração do Rio de Janeiro. Em uma noite marcada por arte e resistência, a apresentação reafirmou a aliança entre cultura e luta por direitos.

“Nós somos a Peixe de Cardume. Respondemos os convites dos movimentos sociais e também convidamos eles a pensar o teatro enquanto ferramenta política”, afirmaram antes de iniciar a encenação, realizada diretamente no chão da ocupação, em meio às famílias, barracas e cozinha solidária.

A peça, que aborda com ironia e contundência as contradições do discurso de progresso, terminou com um gesto simbólico e real: a distribuição de canjica. O alimento, parte da própria dramaturgia, foi preparado em conjunto com a cozinha solidária da ocupação e compartilhado entre todos os presentes. Cena e vida se confundiram — e o público comeu, junto, o que também foi parte do ato.

As cozinhas solidárias do MTST são espaços de cuidado coletivo, alimentação digna e organização popular, fundamentais para garantir o sustento de centenas de famílias em situação de vulnerabilidade. Na Ocupação Povo Maravilha, elas seguem sendo um pilar da luta cotidiana por dignidade.

A ocupação abriga mais de 200 famílias vindas de áreas de risco, enfrentando a violência, o abandono do poder público e os aluguéis abusivos. O local ocupado — um terreno pertencente ao Jornal do Brasil e à Docas S.A. — está abandonado há mais de duas décadas, acumulando dívidas milionárias enquanto a especulação imobiliária continua a expulsar trabalhadores para as margens da cidade.

Com Progresso, a Peixe de Cardume se somou à voz dessas famílias, defendendo o direito à moradia digna e reafirmando seu compromisso de caminhar ao lado dos movimentos sociais.

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A Peixe de Cardume faz parte do projeto “Escola de Teatro Popular” com patrocínio do Ministério da Cultura, através da emenda 958743″

🎭📚 Em uma das atividades da formação de formadores, que tem rolado aos sábados na Ocupação Mãe Bernadete, encenamos a peça didática (ou peça de aprendizagem) “Os Horácios e os Curiácios”. Assista ao vídeo abaixo:

📝 Escrita por Bertolt Brecht durante seu exílio da Alemanha nazista, essa é a peça que mais explicitamente debate a dialética marxista.

🤼🏾 Muitas peças didáticas são pensadas por Brecht, não para serem montadas e apresentadas para um público, mas para serem ensaiadas, vivenciadas em cena. Elas, portanto, não reproduzem a separação usual entre palco e plateia, entre quem faz e quem assiste.

🏃🏾‍♂️ Brecht dizia que, assim como os bailarinos e os jogadores de futebol tem seus exercícios de alongamento próprios, os militantes também precisam de alongamentos dialéticos.
A peça didática se propõe a ser uma dessas formas de alongamento dialético dos militantes.

📽️ ▶️ Durante uma tarde, fizemos um grupo de militantes experimentarem a peça, cada subgrupo encenando uma das batalhas, que depois são apresentadas em sequência. Confira um pouco disso tudo no vídeo!

✊🏾 Sua organização quer debater dialética e não sabe como começar? Tem medo de ir direto para os textos mais duros e afastar uma galera? Convida a gente e bora experimentar no teatro e aprender sobre essa lógica que estrutura a sociedade capitalista e as estratégias de enfrentamento.

“Morri, Morri
Para agora não morrer
Morri, Morri
Amanhã serei o que?
Morri, Morri,
Mas agora vou viver
Morri, Morri
O que posso aprender?”

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A formação de formadores faz parte do projeto “Poéticas Populares” com patrocínio da Funarte, através da emenda 972588

Em maio, o Núcleo Maré da Escola de Teatro Popular (ETP) se reuniu para mais um encontro repleto de energia criativa, trocas e construção coletiva. Entre jogos teatrais, dinâmicas de grupo e muito debate, o grupo também avançou na preparação da cena que será apresentada na terceira edição do Festival Augusto Boal.

A cena, construída a partir da linguagem do Teatro Jornal de Boal, aborda um caso real ocorrido na UFRJ: trabalhadores terceirizados do Restaurante Universitário ficaram sem receber salário. A partir desse fato, a encenação mergulha nas contradições que emergem entre os próprios trabalhadores e nas diferentes posturas adotadas pelos estudantes diante da situação. Com olhar crítico e sensível, o núcleo transforma notícia em cena, denúncia em teatro.

O Núcleo Maré começou suas atividades no dia 2 de abril e se encontra todas as quartas-feiras, das 9h30 às 12h, no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM). O espaço, que também abriga o pré-vestibular popular, o jornal O Cidadão, o Ecoa e o Museu da Maré, é território de luta, memória e educação popular. É um solo fértil para a arte comprometida com transformação social.

Entre uma improvisação e outra, é possível perceber: o teatro ali não é apenas té1cnica, é ferramenta de pensamento, voz coletiva e imaginação política.

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O Núcleo Maré faz parte do projeto “Escola de Teatro Popular” com patrocínio do Ministério da Cultura, através da emenda 958743

Atividade de Formação de Multiplicadores dissemina o teatro revolucionário

Ao longo dos sábados, de 14h às 19h, ativistas de diversos grupos e locais do estado do Rio de Janeiro, vêm se encontrando no Projeto Habitacional Mãe Bernadete, na Rua da Constituição. No coração do centro carioca, próximo à Central do Brasil e à Praça Tiradentes, acontecem as atividades de formação de multiplicadores do teatro político.

Com jogos de cena, palestras e montagens de teatro Épico de Bertolt Brecht e Teatro do Oprimido de Augusto Boal, os alunos – em sua maioria militantes de movimentos sociais, educadores e comunicadores populares vivem na prática a experiência de que “o teatro pode ser um ensaio da revolução”, como dizia Boal.

Confira no vídeo, um pouco de como estamos multiplicando o teatro do oprimido como ferramenta revolucionária!

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A formação de multiplicadores faz parte do projeto “Poéticas Populares” com patrocínio da Funarte, através da emenda 972588

Abril foi mês de reencontro, criação e fortalecimento coletivo no Núcleo Feminista da Escola de Teatro Popular (ETP). Para abrir o ano letivo, o grupo promoveu uma série de oficinas que exploraram o corpo, a voz e a ludicidade como caminhos para potencializar o fazer artístico e político.

O Núcleo nasceu do desejo da ETP de fortalecer o debate feminista dentro e fora da escola, tendo o teatro como ferramenta de luta e transformação social. É um espaço aberto para mulheres cis, trans, travestis e pessoas não binárias, onde o encontro é também resistência. Os encontros acontecem todas as quartas-feiras na Ocupação Gilberto Domingos, do Movimento Unido dos Camelôs (MUCA), no centro do Rio.

A primeira atividade do mês aconteceu no dia 2 de abril, com uma oficina de perna de pau ministrada por Baby — integrante do núcleo, brincante de perna de pau desde 2019 e atuante na interseção entre cultura popular, arte e educação. O encontro trabalhou equilíbrio, expressão corporal e presença, explorando a altura como afirmação de potência.

No dia 9 de abril foi a vez do riso tomar conta do espaço, com a oficina de palhaçaria conduzida por Letícia Figueiredo, palhaça e atriz de Duque de Caxias (RJ), atualmente mestranda em Artes da Cena com pesquisa sobre palhaçaria feminista e neurodiversidade. A atividade mergulhou no jogo cômico, na escuta e nas possibilidades da presença cênica como gesto político.

Encerrando o ciclo, no dia 16 de abril, a oficina de voz foi conduzida por Dani Arreguy — atriz, cantora, compositora e também integrante do núcleo feminista. Formada em Artes Cênicas pela CAL, Dani propôs uma imersão na potência vocal e em suas múltiplas expressividades, ativando a escuta e o grito como forma de ocupação de espaço.

A escolha pela Ocupação Gilberto Domingos como local dos encontros não é à toa. O MUCA, Movimento Unido dos Camelôs, é uma articulação popular fundamental na luta pelo direito ao trabalho digno nas ruas da cidade. Desde sua fundação, tem se aproximado do Teatro do Oprimido como linguagem capaz de construir consciência crítica, promover diálogo e fortalecer a organização coletiva.

Ao ocupar esse espaço, o Núcleo Feminista da ETP também se alia a essa luta, afirmando que o teatro político se constrói com o pé no chão e o corpo em movimento. Que venham os próximos encontros, porque seguimos juntas, organizadas e em cena.
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O Núcleo Feminista faz parte do projeto “Escola de Teatro Popular” com patrocínio do Ministério da Cultura, através da emenda 958743″