Augusto Boal

Blog

Acontece até amanhã no Auditório Augusto Boal, na Faculdade UnB Planaltina (FUP), a II Mostra terra em cena e na tela com 17 filmes de dez estados do país, que se somarão a quatro apresentações teatrais na semana de comemoração dos 10 anos da Licenciatura em Educação do Campo da UnB.
WhatsApp Image 2017-10-24 at 13.15.00.jpeg

Em 1977 a peça “Torquemada”, escrita por Augusto Boal e que relatava sua experiência como preso político durante a Ditadura Militar no Brasil, foi encenada pelo diretor Gastón Iturra em Québec.
Acervo Instituto Algusto Boal
Cartaz de François Richard e disponível em nosso acervo:http://www.acervoaugustoboal.com.br/

Em 1972 Augusto Boal dirige na St Clemment´s Church em Nova York, a Feira Latino-americana de Opinião, produzida pelo TOLA (Theatre of Latin America) e baseada na Feira Paulista de Opinião criada pelo Teatro de Arena em 1968.
Jorge Díaz é exilado em depois do golpe militar de Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973. O dramaturgo criou diversos textos que denunciavam a injustiça, violência e morte que aconteceram em seu país. Uma das obras que remetem a este cenário é Introducción al elefante y otras zoologías.

Introduccion-al-elefante-1024x1024

Capa do disco com as músicas do espetáculo gravado em 1968


Na Feira Latino-americana de Opinião, foi apresentada “Apuntes sobre la tortura y otras formas de diálogo”, trecho da peça Introducción al elefante y otra zoologías“.
 
 

A peça Torquemeda, escrita por Augusto Boal durante a prisão durante da Ditadura Militar brasileira, foi encenada no Centro Libre de Experimentación Teatral y Artística de la Universidad Nacional Autónoma de México (CLETA – UNAM) em 1973.

O grupo de teatro venezuelano Rajatabla e seu diretor Carlos Giménez chegou ao México em 1972. Enquanto iniciava a montagem de Torquemada, Carlos Giménez foi deportado, violentamente retirado de sua hospedagem no México e colocado em um avião de retorno a Buenos Aires.

 

AB.ETOt.001.jpg

Capa do Programa da peça encenada no México em 1973. Acesse em: http://www.acervoaugustoboal.com.br/

O espetáculo teve sua estréia em maio de 1973 no Foro Isabelino e ficou dois meses em temporada, dedicando as apresentações ao diretor Carlos Giménez.

 Sobre a estreia de Torquemada, Gerardo de la Torre conta em seu livro “Torquemada: contra viento y marea”:

 

A poucos dias da estreia, todo mundo – moças e rapazes cansados, porém cheios de vitalidade – correm, se preocupam em pintar as paredes, colocar a iluminação, varrer os camarins, colocar os botões no figurino. Ensaiam a tarde, de noite e de madrugada, se criticam e se auto-criticam.

Em 1972 Augusto Boal dirige na St Clemment´s Church em Nova York, a Feira Latino-americana de Opinião, produzida pelo TOLA (Theatre of Latin America) e baseada na Feira Paulista de Opinião criada pelo Teatro de Arena em 1968.
Um dos dramaturgos participantes foi o colombiano Enrique Buenaventura, que apresentou a peça “A autopsia”. A cena fazia parte de uma série denominada “Os papeis do inferno”, que abordavam diretamente a violência política colombiana.
As cenas descrevem situações cotidianas, mas extremamente violentas no país. São abordadas as múltiplas facetas da administração estatal abusiva, em que a morte, a tortura e muitas violações aos Direitos Humanos seguem sem nenhum tipo de penalização.
“A autopsia” coloca o medo como a principal forma de controle e foca naqueles que, mesmo sem participar de algum tipo de organização política, devem se submeter a ordens de certos comandos. É a história de um pai que precisa fazer a autopsia de um filho assassinado pelo Exército.

001Enriquebarriendo

Enrique Buenaventura na primeira sala do TEC (Teatro Experimental de Cali), fundado por ele (1969).


Foto retirada da página do autor: http://www.enriquebuenaventura.org/
 

Hoje Fernanda Montenegro faz 87 anos e relembramos seu trabalho em conjunto com Augusto Boal.
Em 1984 Fernanda escreve carta a Augusto Boal, ainda exilado, sobre o processo das Diretas Já!:
“Espero que eu, ao acordar, as Diretas Já tenham sido aprovadas. O Congresso está cercado pelo Exército. Dizem que pra proteger as instituições. Deus nos acuda. Censura geral. Notícias só nos jornais. A mobilização popular é total e, se não passarem as Diretas Já o pau vai comer. O povo não vai voltar pra casa não: ninguém aguenta mais tanta corrupção e repressão. São vinte anos, Boal! Até já…
São duas horas da manhã. A televisão comunica diretamente do Congresso que a Ementa Diretas Já não passou. Deus nos salve! A madrugada saiu sem nenhuma notícia mais.”
Carta publicada no Correio IMS: https://www.correioims.com.br/carta/deus-nos-acuda/
Em 1986 já de volta ao Brasil Augusto Boal dirige Fedra de Jean Racine com tradução de Millôr Fernandes, com Fernanda Montenegro no papel principal.
A montagem estreou no Teatro de Arena do Rio de Janeiro com Edson Celulari no elenco, figurino e cenografia de Hélio Eichbauer.

Colecao_04_Infoto

Foto de Luciano Moura. Fernanda Montenegro em cena de “Fedra” no Teatro de Arena do Rio de Janeiro (1986)

Flavio Migliaccio é uma das figuras fundamentais do Teatro de Arena, participando de diversas montagens do teatro como: Juno e o Pavão (1957), Eles não usam Black-tie (1958), Chapetuba Futebol Clube (1959), Gente como a gente (1959), Revolução na America do Sul (1960) e Pintado de alegre (1961).
Registro de Flavio Migliaccio, que hoje completa 82 anos, em montagem de Revolução na América do Sul em 1960, peça escrita por Augusto Boal e dirigida por José Renato no Teatro de Arena de São Paulo.
AB.ARf.001.jpg

Em junho de 1968 a peça de teatro “Roda viva”, dirigida por José Celso Martinez Correa e escrita por Chico Buarque de Hollanda, foi censurada por conter “palavrões”.
Plínio Marcos, José Celso Martinez Correa e Augusto Boal se manifestaram publicamente contra a censura do texto.
#CensuraNuncaMais #342Artes #ContraCensuraeDifamação
Manifesto contra o palavrao

Augusto Boal deixou o Brasil em 1971, após ser liberado do Presídio Tiradentes em São Paulo, onde foi preso e torturado durante a Ditadura Militar brasileira.
 
Em Dezembro de 1971 encenou a peça “Torquemada” na New York University, com alunos da Universidade, em que a figura do inquisidor espanhol Torquemada, conhecido por sua crueldade durante o reino de Aragão e Castela de 1478 a 1494, retoma o sistema corrupto e violento que se instaurava no continente latino-americano.
AB.ETf.BUA.011

Ator em cena de “Torquemada”

Em seguida, Boal e sua família seguiram para o exílio em Buenos Aires, onde residiram até 1976. A peça foi montada e dirigida por ele em Buenos Aires em junho de 1972 no T
eatro do Centro e em outubro do mesmo ano na Sala Planeta. Sobre a apresentação de “Torquemada” em Buenos Aires, Augusto Boal escreveu em seu livro “Hamlet e o filho do padeiro”:
 
“Dirigi Torquemada. Não acreditava no que me havia acontecido. Precisava vê-lo acontecer fora de mim, em cena, para que me pudesse ver, separar-me de mim. Eu e a palavra, eu e o ator. Só assim me entenderia. Não me bastava espelho nem memória: precisava me ver em alguém que me roubasse o nome, o Augusto Boal que eu pensava ser, que trazia colado ao rosto, às mãos, ao peito. Já não sabia quem eu era ou tinha sido. Queria ouvir palavras que pronunciei na tortura. Voz empostada de ator bem treinado reproduzindo gritos roucos. Ver-me, longe de mim. Dirigir-me como dirijo atores.”

Torquemada BuA (dragged)

Recorte de publicação de Augusto Boal em “El milagro brasileño – Diario dependiente del State Department”, em Buenos Aires.

“Como pode trabalhar um artista em ditadura, se o artista é aquele que, livre, cria o novo, e a ditadura é aquela que, fazendo calar, preserva o velho? Arte e ditadura são incompatíveis. Essas duas palavras se odeiam!”
Augusto Boal escreve sobre a Censura durante a Ditadura Militar em sua autobiografia “Hamlet e o filho do padeiro”.
AB.AFOt.045 aw.jpg
Na foto: Documento escrito pelo Teatro de Arena de São Paulo denunciando a Censura e repressão ocorrida durante a exibição da Primeira Feira Paulista de Opinião em 1968.
#CensuraNuncaMais #contraacensuraedifamacao #342Artes