Augusto Boal

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                                                                        Divulgação/Jairo Goldflus

Por Eduardo Campos Lima

Antonio Fagundes ingressou no Teatro de Arena de São Paulo em 1966, como ator da peça Farsa de Cangaceiro com Truco e Padre, de Chico de Assis, encenada pelo Núcleo 2. No ano seguinte, substituiu Jairo Arco e Flexa em Arena Conta Tiradentes, passando ao núcleo principal.    Encerrada a temporada, trabalhou na encenação de O Círculo de Giz Caucasiano, de Bertolt Brecht – peça que ficou um único dia em cartaz. O fracasso se deu, segundo ele, devido ao descompasso entre as condições de produção do Arena e as proporções do Teatro Hebraica, onde foi apresentada. “Era um palco italiano monstruoso, com um elenco pequeno, em uma peça do Brecht. Então, aquilo sumiu no palco”, analisa.

Enquanto montavam, ao longo de apenas uma semana, o próximo trabalho – La Moschetta, de Angelo Beolco –, da qual participaram, além de Fagundes, Sylvio Zilber, Myriam Muniz e Gianfrancesco Guarnieri, tinha início a preparação da Primeira Feira Paulista de Opinião, organizada por Augusto Boal a partir de ideia do dramaturgo Lauro César Muniz.

Na entrevista a seguir, Fagundes fala sobre a Feira, que congregou alguns dos mais importantes autores do período, além de compositores e artistas plásticos.

O projeto de fazer a Primeira Feira Paulista de Opinião chegou a vocês, atores? Como foi o processo de concepção?

Chegou, pois sempre conversávamos muito no Arena, tudo era muito discutido. Mas, na verdade, isso veio mais da cabeça do Boal. Foi ele quem organizou. Ele tinha uma peça, o Guarnieri tinha uma outra peça… Eram peças curtas, de dez, quinze minutos cada uma. (mais…)

Mais dois textos da sessão “Do baú do Boal”, onde BOAL desenvolve sua faceta de contista e narrador.
A AGULHA
JANET NO FIM DO ANO 2002 NO SD

BOAL através de sua escrita peculiar nos aventura nessa narrativa.
10 – Nova York – o Impulso e o Salto

Feira antropofágica de opiniões

                                          Clayton Lima/Cia. Antropofágica

Por Eduardo Campos Lima

Além de ter ocasionado o encontro de grupos teatrais, músicos e poetas, a II Feira Paulista de Opinião ou I Feira Antropofágica de Opinião, organizada pela Cia. Antropofágica nos dias 15 e 16 de fevereiro, contou com a participação de alguns dos integrantes da I Feira, realizada em 1968 pelo Teatro de Arena e dirigida por Augusto Boal. Um deles foi Derly Marques, fotógrafo do Arena nos anos 1960.
Em 1965, alguém chamou Derly para fazer fotos de Arena Conta Zumbi. Naquele momento, ele era um estudante do segundo ano do curso de cenografia da Escola de Arte Dramática de São Paulo – então coordenado pelo arquiteto e cenógrafo Flávio Império – e diagramador na Editora Abril. Derly, que havia fotografado por oito anos, em Belo Horizonte, o trabalho do Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais e do Teatro Experimental (ambas iniciativas criadas nos anos 1950), não lembra mais quem fez o convite – só sabe que, após fazer oito fotos da peça de Gianfrancesco Guarnieri e Boal, não parou mais. (mais…)

1) Exposição “Resistir é Preciso…”, criada pelo Instituto Vladimir Herzog, é um projeto pioneiro, de longo alcance, que apresenta fragmentos da história do Brasil, a partir das publicações e das pessoas – jornalistas, escritores, estudantes e ativistas políticos – que resistiram à ditadura militar brasileira através da palavra impressa.
Local: CCBB (Rua Primeiro de Março, 66, Centro)
Data: Até 28 de Abril
Link: http://www.resistirepreciso.org.br/ccbb/
2) Exposição “Em 1964 – Arte e cultura no ano do golpe”
O Instituto Moreira Salles dedicará parte de sua programação anual para discutir os 50 anos do golpe militar que instalou a ditadura no Brasil. Em 1964 propõe uma imersão neste momento decisivo para o país a partir do ponto de vista de artistas e intelectuais cujos acervos estão sob a guarda do IMS ou que têm vínculos diretos com suas atividades.
Local: IMS (Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea)
Data: até 23 de Novembro
Link: http://www.artehall.com.br/agenda/em-1964-arte-e-cultura-no-ano-do-golpe-no-instituto-moreira-salles-rio-de-janeiro/
(mais…)

A Faculdade de Letras da UFRJ, onde encontra-se o arquivo de Augusto Boal, divulga o link de nosso blog em seu próprio site, e em breve disponibilizará mais conteúdos e informações.
http://www.letras.ufrj.br/

Mais um texto de nosso Colaborador, Carlos Fos.
Los comienzos de una maestra de la danza moderna
 

Le M20 affaibli, son esprit se déploie…autrement

Publié le 20/02/2014 | 12h00 | Nizar Bennamate


Alors qu’on commémore le 3e anniversaire du mouvement contestataire du “20 Février”, nous sommes allés à la rencontre de ces jeunes qui ont créé leurs propres outils pour le changement.
Il y a trois ans, le Maroc assistait à la première sortie du Mouvement du 20 février (M20F). La contestation a perdu sa force de frappe. Les personnes derrière la naissance du mouvement n’ont pas baissé les bras pour autant. Du culturel aux droits de l’Homme, plusieurs initiatives ont vu le jour, gardant l’esprit du mouvement qu’ils ont participé à créer. H24info vous livre une liste non exhaustive de projets qui ont vu le jour après le recul du M20. (mais…)

Feira antropofágica de opiniões

Por Eduardo Campos Lima

A 2ª Feira Paulista de Opinião ou 1ª Feira Antropofágica de Opinião reuniu, nos dias 15 e 16 de fevereiro, 20 grupos teatrais de São Paulo, além de músicos, coletivos audiovisuais e poetas. No encontro houve, além disso, o lançamento em São Paulo da nova edição do livro Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas, de Augusto Boal.

O evento, organizado pela Cia. Antropofágica, inspirou-se na Primeira Feira Paulista de Opinião, do Teatro de Arena, dirigida por Boal em 1968 – um marco na resistência cultural ao Regime Militar. Às vésperas do aniversário de 50 anos do golpe, a Feira Antropofágica integrou o calendário de descomemorações que a esquerda estabeleceu para este ano.

Mário Masetti, Dulce Muniz, Izaías Almada, Umberto Magnani e Cecília Thumim Boal, que integravam o Arena em 1968, estiveram presentes e narraram aos participantes suas memórias da luta contra a ditadura e do trabalho do Teatro de Arena de São Paulo.

“Foi fundamental essa reunião de pessoas que fizeram teatro engajado em 1968 com as novas gerações. Para muitos, a impressão era de que aquilo era uma página virada e não aconteceria de novo. Constatou-se que, enquanto houver contradições sociais tão intensas, esse tipo de iniciativa vai ocorrer”, define Thiago Vasconcelos, diretor da Cia. Antropofágica.

As pequenas peças apresentadas pelos coletivos teatrais procuraram responder a seguinte questão: o que pensa você do Brasil hoje? Nos trabalhos, surgiram temas como a repressão policial a jovens das periferias e manifestantes de esquerda, o papel das elites brasileiras na perpetuação da desigualdade social e as contradições da vida dos trabalhadores nas grandes cidades.

“Foram elaborações das crises que estamos vivendo: crise social, crise de representação na esquerda e crise do capital, com acirramento das forças de repressão. O teatro tem sido pressionado a pensar sobre essas questões”, aponta Vasconcelos.

Frente política de artistas

Segundo o diretor, as formas do teatro de feira, teatro de variedades e teatro de rua, que fundamentaram muitas das apresentações – e são gêneros populares que muitos julgam superados, em uma época de hegemonia dos experimentos pós-dramáticos – possibilitaram avanços críticos importantes e conseguiram estabelecer diálogo produtivo com os espectadores.

Não houve espaço para debates públicos entre os grupos de teatro presentes, mas nos próximos dias a Antropofágica fará uma chamada ampla para que todos os participantes se reúnam novamente e façam uma avaliação coletiva. “Temos de pensar na estratégia da categoria e nas lutas sociais, daqui para frente”, diz Vasconcelos.

O grupo tem a intenção de planejar novas edições da Feira, com mais coletivos envolvidos. “Também é preciso que isso se transforme em uma ação nacional e latinoamericana, que foi a proposta da feira original. Há interesse, em diversas regiões, de que isso seja feito”.

Como parte da Feira Antropofágica, ainda será lançada uma publicação especial sobre os eventos – o de 1968 e o de agora – e um CD com as canções apresentadas. “Gostaríamos de incluir as músicas da Primeira Feira, mas há a questão dos direitos autorais – não sabemos se haveria liberação ou não”, conclui Thiago Vasconcelos.