Augusto Boal

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A Hora do Teatro Épico

21.03.2012

*A seguir iremos reproduzir um texto da revista Traulito publicada pela Companhia do Latao de Sao Paulo                
                             Debate entre Iná Camargo Costa e João das Neves

A mesa realizada no Estúdio do Latão no dia 29 de abril de 2010 foi composta por Iná Camargo Costa, pesquisadora de teatro e professora aposentada de Teoria Literária da USP, e João das Neves, dramaturgo, escritor e diretor teatral. Os palestrantes discutiram a experiência do Teatro de Arena, do CPC da UNE, e a formação do Grupo Opinião. Como mediadoras, as atrizes Ana Petta e Helena Albergaria da Companhia do Latão.

NEVES – Eu me lembro da alegria do espetáculo do Boal. É uma coisa que o CPC herdou: uma linha bem-humorada e crítica de abordar o teatro. Um pouco inspirada no espírito do teatro de revista brasileiro, mas com uma profundidade muito maior.A mais-valia também tinha a mesma irreverência. Naquela época, o Arena tinha uma linha ainda muito dramática. A Revolução na América do Sul A mais-valiasão realmente fundadoras do teatro épico no Brasil. Nessa época, eu inclusive cheguei a dirigir uma versão de Revolução na América do Sul em cima de um caminhão que nós tínhamos.

(…)

INÁ – Quero ilustrar com um exemplo. Porque é muito complicado falar em avanço e recuo no plano da configuração da obra de arte. Mas recuo intelectual, isso sim é um fato, já demos até alguns exemplos. Eu acho, por exemplo, que o Show Opiniãoé simplesmente impensável fora do horizonte da experiência do agitprop. Tem muita coisa de agitprop falando dentro do Show Opinião. Que eu saiba, ninguém tratou do assunto até hoje. Ninguém relaciona a experiência do Show Opinião com a experiência do agitprop. Portanto, a crítica convencional ao Show Opinião não tem sentido. Um show como o Opinião, se penado fora do equipamento teórico que o teatro épico disponibiliza é simplesmente incompreensível. O que, aliás, aconteceu na recepção crítica. Todo mundo dizia: “Ah! É um show! A Nara canta isso, canta aquilo!” E a crítica não produziu uma visão de conjunto do Show Opinião, que é um espetáculo épico de primeira ordem, um espetáculo que veio da experiência do CPC. Palco limpo, os três em cena, e uns dois ou três músicos ajudando no ritmo. Isto é oShow Opinião. Não tem um elemento dito de cenografia. É um espetáculo épico porque é narrativo: são histórias, análises e depoimentos sobre situações, de vários tipos inclusive. Uma coisa impressionante.”

Segue abaixo o link para a entrevista completa:

http://www.traulito.com.br/?p=808